2005/07/29

O IRA e eu…


Será que a Irlanda do Norte vai conhecer uma paz duradoura? A notícia que ontem foi amplamente divulgada e comentada (a CNN deu-lhe um enorme relevo) fez com que a minha memória recuasse mais de 30 anos, quando tive o meu primeiro – e brutal – contacto com o terrorismo tal como o IRA o praticava.

Nos começos de 1973 fui designado pelo então ministro Veiga Simão como coordenador de um grupo de professores que devia participar numa conferência organizada pela OCDE, intitulada “School-based curriculum development”. De passagem, devo dizer que essa conferência teve grande importância na minha decisão de me tornar um estudioso do currículo, o que marcou a minha vida profissional. Ora essa conferência deveria realizar-se na Universidade do Ulster, em Coleraine, na Irlanda do Norte, que vivia nessa altura uma fase intensa de actividade do IRA, em especial em Londonderry, alvo frequente de atentados.

A marcação da conferência para o país foi interpretada como um sinal de confiança e de esperança em melhores dias.

Depois de duas reuniões preparatórias em Paris, constituiu-se um grupo de 6 professores que tomou parte na Conferência, uma das mais longas em que participei, pois durou quinze dias, no mês de Julho. Éramos mais de 200 representantes de muitos países, e a maior parte ficou alojada numa localidade bem ao Norte da Ilha, numa estância balnear chamada Portrush, (se tiver curiosidade, veja aqui) que fica relativamente perto do campus da Universidade.
Quando em Londres embarquei para Belfast, comecei a perceber o que era lidar com o terrorismo. Para além de um interrogatório minucioso para saber o que é que eu ia fazer a Belfast (aeroporto de chegada) a minha pasta foi criteriosamente escrutinada, a ponto de me terem aberto a bolsa do cachimbo (nessa altura fumava cachimbo) e um estojo de canetas… Mas isso não foi nada. Quando o avião aterrou em Belfast, surgiram de repente dois grupos de soldados, com as espingardas em guarda, que formaram duas filas no local onde ia descer a escada do avião (ainda não havia mangas em Belfast). Digo-vos que não foi uma recepção nada agradável… Para Portrush fomos de automóvel, e começou então uma paisagem que breve se tornou familiar: nas localidades, para impedir o estacionamento, havia nas bermas das ruas contentores metálicos; nas estradas, eram frequentes as barreiras para interpelar quem passava, tendo nós, inclusivamente, de mostrar os passaportes.

Na primeira sessão da Conferência, no auditório grande da Universidade, mesmo antes das boas vindas foi feito um anúncio que mais uma vez nos proporcionou alguns calafrios: se soasse o alarme, deveríamos todos deitar-nos no chão e proteger a cabeça…

Ao longo dos dias, talvez nos começássemos a habituar aos contentores, às inspecções frequentes, até porque em Portrush não houvera ainda atentados. Mas até ao fim houve dois momentos que conservo bem na memória. O primeiro: depois do primeiro fim-de-semana, um dos irlandeses presentes na conferência, regressado de Belfast, onde vivia, contava, quase sem sinais de emoção, que a sua secretária tinha siso morta no domingo apanhada numa explosão de um carrão armadilha (apesar dos contentores, ainda aconteciam casos destes). O segundo foi bem mais emocionante, e partilhei-o com alguém que não vejo (ao vivo) há muito tempo, que é hoje uma figura muito conhecida, em especial no seu Porto, o Hélder Pacheco. Estava integrado no grupo que foi a Coleraine, onde aliás teve uma brilhante intervenção mostrando o que estava a fazer com os seus alunos em termos de Educação Visual. Um dia, em conversa com um irlandês (cujo nome não recordo) que era director (“principal”) de uma escola secundária em Londonderry (não no centro da cidade, mas nos arredores), ele desafiou-nos: “Querem ver o que é a nossa vida? Venham comigo este fim de tarde que eu mostro-vos o que é viver com o terrorismo”. E fomos! Se a memória não me atraiçoa, foi também uma colega de um outro país, mas não sei precisar (pode ser que tenha escrito, devo tê-lo, mas os meus arquivos estão longe de estar bem organizados neste momento). Eu creio que agimos com bastante insensatez, como vão ver. De Portrush a Londonderry não se demorará mais de uma hora e meia, duas horas. Chegámos a casa do colega irlandês a tempo de um jantar leve, e depois partimos em direcção á cidade. A escola (e a casa) ficavam no alto, de onde se via a cidade, e ao longe nada faria prever o que se passava lá em baixo. Antes de chegar perto do centro, fomos mandados parar por soldados armados, mostrámos passaportes, a mala do carro foi vistoriada. A uma dada altura, não se podia ir mais além: ele estacionou o carro e convidou-nos s ir a pé. Não se via ninguém nas ruas. Seriam umas 21 horas, mas em Julho anoitece muito tarde naquela latitude. E de repente, numa esquina, ficamos na rua central da cidade. Era um espectáculo confrangedor. De um dos lados da rua os prédios – de três ou quatro andares – estavam completamente esventrados, só tinham as fachadas. Mas o mais assustador foi quando verificámos que um pequeno grupo de soldados, cosidos com as paredes, espingardas aperradas, avançavam em pequenas corridas. O nosso anfitrião explicava, calmamente, que deveria ter sido alguma denúncia de que haveria terroristas escondidos…Confesso que não me senti muito bem, e devo ter-me perguntado por que teria aceite o convite… Ainda demos mais umas voltas, e felizmente, nada aconteceu. Quando reentrei no carro senti um verdadeiro alívio…Recordo que no regresso (chegámos a Portrush bastante tarde, claro) a pequena comunidade lusa nos aguardava com alguma preocupação…

Nunca mais esqueci esse dia. E percebi, conjugando-o com o episódio da morte da secretária do colega nesse fim-de-semana, que os irlandeses se tinham, não direi acomodados, mas tornado relativamente insensíveis ao horror em que eram obrigados a viver. E essa ideia mais vincada ficou quando, no fim da conferência, houve uma festa onde os animadores foram capazes de fazer humor com a situação, para mim trágica, em que viviam.

E eu próprio, ao fim de quinze dias, sentia-me menos preocupado do que no princípio. O que não impediu que chegasse a Londres e me sentisse muito melhor.

Passaram 33 anos sobre estes factos e o IRA desiste da luta armada. Na história conturbada da Irlanda do Norte desde o princípio do século XX, será o 28 de Julho de 2005 uma data memorável?

2005/07/28

Nem de propósito…


Entre as muitas publicações na área da educação que existem nos Estados Unidos, a Educational Leadership, não sendo uma revista de referência é prestigiada e contém sempre alguns artigos de interesse. Ao consultar a sua edição on-line do Verão de 2005 – actualíssima, portanto – verifico que contém um artigo, intitulado “From F to A in 180 days” (que pode ler aqui) no qual se conta o que aconteceu numa escola elementar (até ao 5º ano) do Estado da Florida. Nesse Estado os distritos escolares classificam as escolas de acordo com os resultados dos testes estaduais, usando a mesma escala dos alunos, de A a F – A é o óptimo e F o “fail”, ou seja, a reprovação. Ora essa escola foi a primeira em, 2002, ter um F – por causa dos seus péssimos resultados. No ano seguinte, porém, foi classificada com um A!

Este caso de sucesso foi estudado por um grupo de quatro investigadoras (todas da Universidade da Florida) associadas com os professores da escola, usando a técnica da “survey” e entrevistas seleccionadas. Entre os factores identificados que terão contribuído para o êxito as autoras incluíram a individualização do ensino suportado especialmente por tutorias com grupos reduzidos, a atitude positiva dos professores, que trabalharam sem descanso, uma grande variedade de métodos de instrução. Mas também foi reconhecido o papel dos fortes laços da escola com a Universidade, que dispensou a consultoria essencial para o arranque das actividades. Este ambiente contagiou as crianças e deu-lhes motivação.

Interessante anotar que no artigo se diz claramente que os professores não caíram na tentação de “ensinar para o teste”, mas consideraram o currículo globalmente e com isso deram aos seus alunos oportunidades de aprendizagem muito válidas.

Não é o primeiro estudo do qual tenho conhecimento com resultados aproximados. Mas este é recente e a seu respeito pode haver alguma reflexão útil.

Melhorar as escolas


Quem não deseja que a escola melhore? E em todos os aspectos: instalações cuidadas, amplos recursos, professores competentes, alunos mais motivados e por isso aprendendo a “ser”, retomando a feliz expressão que correu mundo em 1972, na sequência da apresentação do Relatório da UNESCO Apprendre à être (infelizmente, muitos capítulos não estão disponíveis).

Recentemente, houve notícias de um estudo em que esteve envolvido Valadares Tavares (p. ex., no Público de sábado passado, sem link possível), que referenciará várias escolas no país nas quais terá havido grande melhoria nos resultados na disciplina de Matemática de um ano para o outro. Sem saber mais do que a notícia, que no entanto reproduz afirmações de responsáveis e avança com uma série de razões para essa feliz inversão, direi que não me surpreende o facto, porque muitas vezes basta uma simples alteração num aspecto da vida da escola para isso fazer toda a diferença. Para os que querem provas irrefutáveis, fruto de investigações tão cuidadas que não sejam criticáveis (coisa na prática impossível, nos domínios da educação, para já…) haverá sempre lugar para contraditar as conclusões do estudo. Não o farei. Penso que é importante que se tenha conhecimento do que acontece mesmo sem ter muita segurança sobre o ”por que” acontece, dadas as muitas variáveis em jogo. Por isso dou grande mérito aos estudos qualitativos que têm servido de base a muitas dissertações de mestrados em educação, na medida em que, se respeitarem as metodologias adequadas, fornecem, não respostas definitivas, mas pistas importantes para mais tarde poderem ser integradas em investigações processualmente mais fundamentadas.

A prática revela por vezes pequenos pormenores que uma teoria não considera e que são factores chave para compreender a mudança. Esses pormenores podem provir do ou dos professores, dos métodos de ensino-aprendizagem usados, do estilo de gestão posto em prática na escola, e também, claro, dos alunos. Compreendê-los é importante; divulgá-los também.

2005/07/27

As “explicações”


Ouvi na TSF e ainda não conferi a notícia que os jornais deram – o Ministério da Educação, pretendendo moralizar, quer impedir que os professores dêem “explicações” aos próprios alunos. Bom: num primeiro momento fiquei admirado. Eu pensava que era saudável que um professor explicasse aos próprios alunos o que eventualmente eles, depois de estudar, não conseguissem compreender. Não é esse um dos papéis do professor? Depois, percebi: o Ministério estava a referir-se às “explicações” (com aspas), aquele tipo de trabalho a que muitos professores se dedicam nas horas… vagas, recebendo em sua casa grupos de alunos aos quais dedicam uma atenção especializada na sua disciplina (normalmente, disciplina “forte” como a Matemática ou a Física) cobrando honorários que, penso (mas não posso ser definitivo), não costumam ser sujeitos a qualquer imposto.

Estas “explicações” são um hábito muito antigo no país. Quando iniciei a minha vida profissional, há muitos anos, dei-me conta que muitos pais, quando iam matricular os filhos no Liceu, passavam logo por um explicador para marcar vez, mesmo que os filhos fossem bons alunos. O que não era tanto hábito – e confesso que não sei se ele hoje é mais generalizado, mas a decisão ministerial sugere-o – era serem os próprios professores os explicadores.

Eu nunca gostei de ser “explicador”, mas também fui. Ainda antes de me licenciar ajudei um colega amigo que ficara para trás a estudar História e Filosofia para fazer o exame (dizia-se nessa altura do 7º ano, mas correspondia ao actual 11º). Depois, muito episodicamente, voltei a “explicar”, nomeadamente quando fiz o estágio, a um excelente aluno que tinha uns desencontros com o professor de Filosofia e queria mais segurança, e a um menos bom, ainda que simpático, que andava ele próprio desencontrado consigo próprio… Recordo-me que nessa altura o valor de uma hora de trabalho andava pelos 40$00 (ainda se lembram do $?!) ou seja, qualquer coisa como 20 cêntimos (€ .20). E, claro, também não paguei qualquer imposto!

Depois disso, nunca mais dei “explicações”, mas penso que expliquei bastante aos meus alunos quando tinham dificuldades. Por vezes com sucesso, outras sem sucesso…

Ora bem. São condenáveis, as “explicações”? Não serão condenáveis, mas descontadas as excepções, constituem um absurdo razoável, resultante da maneira como a escola assume o seu papel (escola, como um todo: professores incluídos). Em princípio, a escola deve providenciar para que os seus alunos aprendam no enquadramento que ela lhe fornece, dispensando apoios exteriores sistemáticos. É o professor que escolhe a estratégia de ensino-aprendizagem que utiliza: nessa estratégia devem estar incluídos os passos para ajudar aqueles alunos mais lentos, com maiores dificuldades. Porque esses precisam mesmo de explicações, mas explicações sem aspas, dadas no momento certo pelo professor certo; as “explicações” (com aspas) até podem colidir com a estratégia seguida e fazer mais mal do que bem. Ah! Mas se for o próprio professor, então tudo faz algum sentido…

Falta dizer que as explicações não são hoje dadas a 20 cêntimos a hora, que muitos pais não as podem pagar; falta dizer que apesar das explicações continuam a registar-se altas taxas de reprovação. O que sugere que os males que afectam a educação são muitos e há muito que fazer para alterar o que está mal. O que começo a duvidar é que os que deviam ser os mais interessados queiram mudar.

Fico por aqui…

2005/07/26

Os "autos-de-fé" de 1974

A reportagem do Público do passado domingo (já se conhecem as restrições de acesso) intitulada «Ministério da Educação mandou destruir livros de “índole fascista” em 1974» despertou logo a minha atenção. Quando se deu o 25 de Abril era Chefe da Divisão de Programas e Métodos da Direcção-Geral do Ensino Secundário e aí me conservei, sem ser “saneado” como muitos temiam na altura, mas, a partir de um certo momento, fortemente condicionado na minha acção, por motivos que neste momento me abstenho de comentar.

Os tempos sequentes ao 25 de Abril não foram fáceis. Se houve sector no qual o desequilíbrio mais se fez notar foi nas escolas e por extensão no próprio Ministério. Toda a autoridade foi posta em causa, e mesmo entre os que genuinamente se sentiam felizes pelo fim de um regime que não deixava saudades havia um sentimento de insegurança que evidentemente minava essa autoridade. A substituição do Director-Geral, ao tempo o Dr. Tavares Emídio, ocorrida pouco tempo depois, tida como inevitável mau grado não se lhe poder apontar, bem pelo contrário, simpatia pelo regime, não alterou significativamente o estado de espírito de quem lá trabalhava, porque o empossado, o Dr. Alfredo Betâmio de Almeida, uma excelente pessoa e com qualidade humanas ímpares, não era a indicada para um lugar que começava a parecer-se mais com um ninho de víboras do que com um redil de cordeiros.

Mantive, entretanto, o pelouro dos estágios pedagógicos, tendo de assistir, sem interferir, na destruição do que estava a ser feito, à abolição dos exames de estado, tudo porque era necessário limpar os laivos de fascismo que existiam no sistema…

Quando tomou posse o segundo governo provisório, em Julho de 1974, julgo que a maioria pensou que Vitorino Magalhães Godinho seria a pessoa certa para Ministro da Educação, e a chamada de Rui Grácio para Secretário de Estado da Orientação Pedagógica representou também muita esperança.

Anteriormente, estivera com Rui Grácio uma ou duas vezes; mas enquanto esteve no Ministério, tivemos bastantes contactos e sustentámos relações de amizade, relativamente distante mas segura.

Nunca tive conhecimento do despacho dado à estampa pelo Público. Foi um despacho interno, para as direcções-gerais, e na minha não houve dele publicidade. Devo dizer, todavia, que não me surpreende totalmente: Rui Grácio era um homem inteligente, de grande lucidez, mas mostrou sempre grande pertinácia em desmontar tudo o que restava do regime anterior, e os livros de exaltação do regime salazarista deveriam parecer-lhe testemunhos perigosos. É evidente que se acha hoje excessivo o auto-de-fé – mas o que não foi excessivo na época?

A História constrói-se com factos – e o despacho de 19 de Outubro de 1974, agora ressuscitado, é um facto. Mas não o descontextualizemos: tínhamos saído há poucos dias do episódio da “maioria silenciosa”, Costa Gomes substituíra Spínola, e de uma maneira geral o país continuava a viver com grande instabilidade. Por outro lado, Rui Grácio nunca dissimulou uma posição política acentuadamente de esquerda; embora ligado ao PS, afastou-se cedo do Partido, crítico dos primeiros governos constitucionais; e uma leitura atenta do seu livro Educação e Processo Democrático em Portugal, de 1981 (edição Livros Horizonte), mostra como foi um dos que consideraram o 25 de Novembro como uma derrota da Revolução.

De qualquer modo, Rui Grácio merece ser recordado como uma notável figura da educação do século XX e não será este facto, agora desenterrado, que lhe roubará o lugar que já tem na história.

Esta nota é escrita sem ter tempo de recorrer ao meu “arquivo”, mas tenho a certeza que dele não consta o tal despacho…

2005/07/25

Vem aí Agosto…


É em Agosto que muitas vezes têm sido publicados muitos diplomas importantes para a educação, e tudo indica que neste ano o mesmo vai acontecer. Não é certamente o mês em que se espere que a maior parte dos interessados esteja muito atenta ao que sai em Diário da República. Agosto é ainda o grande mês de férias para os professores e para as escolas: desde que Setembro passou a ser o mês de abertura de aulas que a alternativa que ele representava deixou de o ser.

Não falando nas alterações à lei de Bases e à decisão – que considero de importância capital – sobre os esquemas do 1º e 2º ciclos do ensino superior, há situações que carecem de ser explicadas, como por exemplo as dos estágios para os alunos dos cursos de formação de professores, os quais, para além de saberem que vão deixar de ter turmas a seu cargo e deixam por isso de receber uma remuneração, nada mais sabem, embora possam supor. O mesmo se passa ao nível das instituições de ensino superior, que têm uma programação que sabem não podem desenvolver e aguardam que algo seja dito. Como os estágios eram regulados por uma portaria, tem de ser publicada uma nova portaria – muito provavelmente em Agosto… Ainda no ano passado, a então senhora Ministra resolve anunciar os célebres cursos de requalificação de licenciados no último dia do mês de Agosto, obrigando as Universidades a terem de decidir em cinco dias sobre um plano feito sobre o joelho, fazendo dos primeiros dias de Setembro um ciclo mais ou menos infernal. Aguardemos…

Tenho em carteira muitas notas sobre assuntos que têm sido objecto de notícias na imprensa, que tentarei, numa semana que penso seja menos exigente em termos de trabalho, partilhar com os meus leitores.