Num pequeno livro que li quando era ainda muito jovem na profissão, encontrei uma verdade que fui comprovando pela vida fora. O livro era de Orlando Ribeiro, penso que se chamava Problemas da Universidade (não estou em casa e não tenho o livro à mão), e a verdade era esta: “Ensinar é o maior subterfúgio para iludir o tempo”. Sempre liguei o ser professor e ter todos os anos contacto com gente mais jovem a um certo optimismo e aceitação de quase tudo a que a juventude adere.
Mas hoje, ao percorrer o campus depois de almoço, deparei com uma daquelas cenas de praxe que, tenho de confessar, não percebo e não aceito. Ainda pensei: será que é mesmo sintoma de velhice? Mas repudiei a ideia. Não, as coisas que os estudantes hoje definiram como básicas para “integrar” os caloiros não são racionais. Já não falo em dignidade, falo em inteligência. Eu não posso aceitar a imbecilidade.
Por isso me pergunto: haverá necessidade?
(Hoje, uma colega enviou-me uma mensagem protestando contra o barulho, contra as praxes que nesta semana impedem muitos docentes de conseguir trabalhar nos gabinetes. Mas que podemos fazer? Proibir? Há, por parte da Associação Académica, genuíno interesse em encontrar uma solução, mas é verdadeiramente impossível controlar centenas de garotos – é o que me apetece chamar-lhes – em roda livre).