Estão a decorrer os chamados exames “ad hoc”, ou seja, aqueles exames a que se propõem adultos maiores de 25 anos sem qualificações escolares que lhes permitam aceder, pelas vias normais, à Universidade, procurando a entrada num curso para o qual sintam estar vocacionados.
Estes cursos já existem há bastante tempo, e o actual governo anunciou que vai propor algumas alterações ao sistema. Uma delas é baixar o limite da idade, que passará de 25 para 23 anos; outra é modificar o regime de acesso, até agora bastante centralizado em Lisboa, de onde vêm as provas escritas, dando às Universidades autonomia na gestão dos processos de verificação das capacidades, ou seguindo já a designação mais actual, das competências dos candidatos.
Esta abertura das Universidades a estratos da população que, mau grado não ter tido um percurso escolar normal, conseguiram ao longo da vida obter por si uma formação compatível com as exigências do ensino superior, é louvável. Infelizmente, a taxa de reprovações é alta, mas os que entram acabam muitas vezes por ser bons e até mesmo excelentes alunos. Posso comprová-lo porque já tive como aluna uma senhora nessas condições que teve excelentes resultados.
Por outro lado, nesta fase de reestruturação do nosso ensino superior, devido ao processo de Bolonha, este tipo de oportunidades de dar à população adulta oportunidades de formação de nível universitário é considerado uma das prioridades. De facto, o número de diplomados por escolas superiores em Portugal é muito inferior à média europeia e afasta-se mesmo muito da de países desenvolvidos.
Sabemos que muitos jovens não puderam – e às vezes não quiseram – prosseguir estudos, ficando mesmo longe do final do secundário. Razões de carácter económico, umas vezes; sócio-culturais, outras, afastaram-nos da sequência lógica de estudos.
Mas com a idade e a experiência adquirida no mundo do trabalho, não raras vezes sentem o desejo de regressar ao estudo. O percurso escolar não feito é difícil de retomar e – diga-se com clareza – porventura pouco adequado para o adulto que sentiu o apelo por progredir, sabendo mais, adquirindo mais conhecimento e portanto mais ferramentas para construir a sua vida profissional. Por isso é importante que as portas da Universidade não se fechem se ele ou ela demonstrar que as competências que desenvolveu ao longo dos anos revelam capacidade para vencer os desafios de um curso superior.
Até agora, o que se pede aos candidatos é uma entrevista, uma prova de português e uma prova no âmbito do curso que declara querer seguir (uma prova dita específica).
A taxa de insucesso, como disse atrás, é relativamente elevada, mas como existem casos de sucesso eles justificam que se mantenha este tipo de prova. A Universidade do Minho, procurando ajudar quem tem em vista candidatar-se, pôs há dois anos em vigor um curso para ajuda na preparação do exame que se revelou oportuno e útil.
Antecipo que em futuro próximo haverá desenvolvimentos significativos neste domínio, nomeadamente com a oferta de cursos em regime pós-laboral e mesmo em part-time, o que beneficiaria enormemente quem trabalha e estuda.
Por hoje, é tudo. Até para a semana – e bom São João!