Abriu-se mais uma frente de debate: parece que o Ministério da Educação tenciona terminar com os exames de Português e de Filosofia no 12º ano e naturalmente gerou-se controvérsia. O assunto não é novo mesmo aqui, na Memória. Já exprimi por diversas vezes a minha posição: ao nível da escola básica os exames não têm razão de ser (o que não significa que não existam provas de avaliação aferida); quando o problema de uma selecção se puser (fim do secundário, entrada no superior) aceito-os, se forem moderados por outros processos de avaliação.
Acabo de dizer o que considero essencial: os exames são uma prova de selecção. Leio e oiço dizer que acabarem os exames de português irá abastardar ainda mais a pobre língua nacional – e fico a pensar porquê. Será que, a não existirem os exames, os alunos deixam de saber escrever e falar português? Então, os professores andaram distraídos, não avaliando as capacidades dos seus alunos? Porque é neles (professores) que recai a maior responsabilidade quanto à avaliação das aprendizagens dos alunos. O exame apenas separa os que fazem bem dos que fazem mal, não ensinam coisa alguma. A capacidade de bem escrever e bem falar a língua é consequência de uma aprendizagem contínua, que certamente qualquer professor certificará sem necessidade de um exame. Ou seja: a exigência tem de ter o seu centro na escola, lutando contra todas as formas perversas de degenerescência da língua, de que as abreviaturas das SMS são exemplos intoleráveis.
Assim: sempre que não esteja em causa um princípio de selecção, que aceito, não vejo que seja criticável pôr fim a exames que nada adicionam às aprendizagens regulares certificadas pelas escolas.