Não são bem férias. São uns dias, de quinta a segunda, nos quais a Universidade hiberna, e que vou aproveitar para descansar. Descanso total: para onde vou passar estes dias, à beira-mar, não vou levar computador, mesmo antecipando as centenas de mensagens de e-mail que vão entupir a minha caixa de correio e que terei de gerir no meu regresso. Não vou, por isso, visitar blogs, nem eu próprio “blogar”.
Ao mesmo tempo que tomava esta decisão, pensei que era interessante reflectir sobre o meu relacionamento com a blogosfera.
A Memória Flutuante tem 2 meses; é mais do que tempo para uma análise.
Continuo a achar curiosíssimo este mundo a que aderi. Por vezes, mesmo fascinante. Como professor, sempre gostei de comunicar. Sempre escrevi muito: quando mais novo era um grande epistológrafo, característica que fui perdendo com a idade. Nunca tive, no entanto, um grande apelo para publicar o que escrevia. E mesmo quando me decidi a enveredar pela vida académica, pressionado pela necessidade, cumpri sempre os “serviços mínimos” (se posso brincar), tolhido por um lado pelo pavor de publicar o irrelevante ou o repetitivo, e por outro por medir com muito cuidado qualquer texto, numa ânsia não direi de perfeição mas de rigor, o que é muito esgotante. Ora o blog apareceu-me justamente como um meio em que posso (ou sinto que posso) ser mais espontâneo e menos comprometido, se me é lícito expressar assim. Estes textos são escritos de um jacto, quase não os releio, eles aparecem-me como qualquer coisa que me pertence e que eu deixo que outros leiam sem ter a preocupação de serem textos impecáveis, sujeitando-me de boamente a críticas, e desejando sempre que possa haver diálogo.
Como “blogger” é evidente que gosto de visitar os meus parceiros. Infelizmente, não tenho muito, muito tempo, e por isso as visitas são por vezes espaçadas. A pouco e pouco tenho referenciado os blogs que eventualmente mais me interessam pelo seu conteúdo, sendo naturalmente a educação o meu campo preferido, educação latu sensu, não só a educação no âmbito do ensino superior mas toda ela. Não os devo ainda conhecer todos. Há também outros blogs que me cativam, os que têm uma orientação política.
Tenho conhecido, sem conhecer (salvo uma excepção), personalidades muito interessantes, com quem apetece ter um diálogo, para conferir ideias, mesmo (ou principalmente) divergentes. Não tenho sido, porém, um grande comentador. Só “entro” quando julgo que posso contribuir para o esclarecimento de um ponto (dando a minha visão, claro). Por vezes apetece-me intervir quando encontro pessoas que destilam ácido – aquelas para quem tudo está mal, que só sabem na crítica salientar o que não está bem, que parece odiarem a vida. Não o faço porque acho que não tenho esse direito; o facto de ser optimista não me deve levar a brigar com os pessimistas…
Não me tenho preocupado muito em publicar posts diariamente (como escrevi num comentário a um confrade, há pouco tempo, não me quero tornar num blogger profissional…). Acho interessante saber que sou lido – e que sou lido na América, na África, na Ásia! – mas não estou obcecado pelo “site meter”…
Penso que vou continuar assim; pode ser que, depois de terminar as minhas actividades académicas – o limite de idade aproxima-se… – eu reveja as minhas relações com este mundo fantástico dos blogs. Por agora, vou estar cinco dias ausente.
Boa Páscoa para todos.