2005/04/23

Internet segura


Um dos problemas que os educadores enfrentam no que se refere ao uso da Internet nos planos de acção das escolas (a Internet tornou-se, naturalmente, o maior centro de recursos para professores e alunos) é garantir que os utentes da rede tenham segurança. Para além de a Internet poder fornecer informações erradas, tendenciosas, há outros aspectos a ter em conta sobretudo se pensarmos nas crianças. O acesso a sites que devem ser proibidos (por exemplo, pornográficos), a possibilidade de se estabelecerem relações com parceiros indesejáveis, fornecendo dados pessoais que podem ser aproveitados de maneira prejudicial, são apenas dois desses aspectos.

Foi com base na necessidade de fazer alguma coisa neste domínio que a Comissão Europeia, através da European Schoolnet, decidiu criar um programa especial, “Safer Internet”, ao qual Portugal se associou por intermédio do Ministério da Educação, sediando-o no GIASE (Gabinete de Informação e Avaliação do Sistema Educativo).

Especialmente dirigido para as escolas, alunos e professores, procura-se com este programa ir muito mais além, envolvendo todas as organizações e pessoas com responsabilidades neste sector. Até nós, bloggers, devíamos pensar um pouco nisso… Espreitem o site da Seguranet (aqui), sobretudo se forem professores e ainda não o conhecerem.

2005/04/22

As Crónicas na RUM (4)


“Habemus papam!” – e foi assim, como desde há séculos, que o mundo soube que o conclave dos cardeais elegera um novo Papa. Só que o mundo que seguiu, em relação à eleição de Bento XVI, o seu anúncio, não é o mesmo mundo que se interessou, em 1978, pela eleição de João Paulo II. Para além do inegável interesse que para os católicos tem o haver um novo Papa, o facto ultrapassa os limites do religioso porque é, também, político, pelas repercussões que pode ter no futuro.

É interessante especular um pouco sobre o interesse desmesurado que este conclave despertou. Interesse que levou o evento ao mundo em directo: na terça-feira, pelas cinco da tarde, não havia virtualmente canal de televisão que não transmitisse do Vaticano… Por um lado, isto deve-se ainda a João Paulo II, que ao protagonizar uma agonia lenta e comovente, contribuiu para que se levantassem interrogações naturais sobre quem o seguiria. Mas por outro a própria Igreja aproveitou e, ao conceder facilidades no registo de imagens que até há bem pouco tempo eram privadas, demonstrou compreender bem o poder dos media. Mas neste caso, mais do que sucumbir a esse poder, creio que o terá desejado…

Não vou aqui tecer considerações sobre Bento XVI nem procurar fazer futurologia sobre a sua acção. A Igreja é uma instituição muito antiga, tem sobrevivido ao longo de séculos, e embora sejam muitos os desafios que tem enfrentado, e enfrenta hoje, tem provado ser suficientemente resiliente. O seu maior desafio consiste, creio, em decidir sobre dois caminhos: resistir, resistir sempre, e ver diminuir o número de fiéis, ou desenvolver-se, à custa de maior abertura.

Bom, estava eu a dizer que não ia especular sobre o futuro! Deixemos que o novo Papa actue e desejemos-lhe lucidez e sorte. A Igreja também precisa de sorte…

Noutro registo, não esqueçamos que na segunda-feira se comemora o trigésimo primeiro aniversário do 25 de Abril. Sendo a Rádio Universitária para gente jovem, talvez a maior parte dos meus ouvintes tenha nascido depois dessa data, pelo que se aperceberão mal do seu significado. Quando eu nasci a República fora implantada há menos de trinta anos e o 5 de Outubro significava sobretudo um belo feriado; ter um Rei ou um Presidente da República foi durante algum tempo, para mim, uma questão totalmente irrelevante.

É evidente que o tempo tudo esbate e aceito que a juventude de hoje conceda ao feriado de 25 de Abril apenas a atenção que ele merece como feriado… Mas é bom não deixar de lembrar o que ele significa, e sobretudo nos dias que vivemos, nos quais parece que a maioria dos portugueses anda mesmo deprimida, cheia de pessimismo, descontente com tudo e com todos, sem esperança de melhores dias. E se é certo que nem tudo tem corrido bem, não é menos certo que hoje somos um país onde há liberdade, e está muito nas nossas mãos decidir o futuro que desejamos – exactamente o que faltava antes da chamada Revolução do 25 de Abril.

Eu vou na segunda-feira, lembrando a emoção de ter vivido esse dia, tentar ser ainda mais optimista do que sou e sorrir ao futuro.

Até para a semana.

2005/04/20

Habemus Papam

Independentemente das convicções religiosas de cada um, a eleição de um Papa é sempre um acontecimento. Mas a minha memória de três eleições de Papas não me restitui nenhuma que tenha tido a repercussão desta. E a última foi em 1978… Porquê, esta quase obsessão? Penso que por dois motivos: um, derivado da longa convivência com o acabar de João Paulo II – era importante conferir a imagem do que partiu com a do novo Papa; outro, a força da comunicação social – a Igreja abriu mão de algumas das suas privacidades e os media, com a sua força, aproveitaram... Agora, certamente vamos descansar um pouco…

2005/04/19

Os graus no ensino superior


Entre os aspectos que Bolonha trouxe à discussão situa-se o nome dos graus a conceder no ensino superior. Há quem defenda que Portugal alinhe com a maior parte dos países, eliminando o grau de licenciado e considerando os de bacharel, mestre e doutor. Há quem não aceite o pôr de parte o título de licenciado, argumentando com o peso de uma tradição e, também, com a possível desvalorização que tocaria a quem o possui.

Confesso que este ponto não me suscita grande emoção. Talvez pela influência anglo-saxónica que assumo, claramente, e porque penso que tal facilitaria os contactos internacionais, voto pelo trio bacharel – mestre – doutor.

Como muitos saberão, a designação licenciatura tem raízes nas universidades medievais: inicialmente, após o curso, o chanceler concedia a licentia docendi, isto é, a licença de ensinar, o que a maior parte dos laureados iria de facto fazer nas igrejas. A continuação dos estudos levava ao título de Mestre (concedido numa cerimónia chamada inceptio), título esse que se confundia mesmo com o título de Doutor. Mas com o rodar dos séculos a licentia docendi foi perdendo importância, e em Portugal, no século XIX, o grau mais prestigiado era o de bacharel (aliás, bem documentado na literatura da época). As licenciaturas permaneciam mas eram como que preparatórios para o doutoramento. No século XX, já com a República, continuaram a existir bacharelatos e licenciaturas, mas a pouco e pouco os primeiros foram desaparecendo a ponto de, em meados do século, só haver licenciaturas. O grau de bacharel é depois restabelecido quando da criação dos politécnicos.

Como é evidente, a extensão dos estudos foi sempre um factor determinante para serem distinguidos pelo nome. Assim, embora as actuais licenciaturas (algumas de 4, outras de 5 e até de mais anos) se tenham já depreciado em relação a um passado não tão distante como isso, vamos agora continuar a designar como licenciaturas os possíveis cursos de 3 anos (1º ciclo)? Como é evidente, os “velhos” licenciados sentir-se-ão pouco felizes…

Pode argumentar-se, contudo, que o mesmo se passa em relação aos actuais mestres, que necessitaram de pelo menos 6 anos (4 de licenciatura e 2 de mestrado) para o grau e no futuro verão formar-se colegas mestres com apenas 5 anos de estudos superiores. Bom, quando há alterações profundas num sistema não se pode evitar alguma incomodidade.
Mas, como disse inicialmente, não é este o aspecto do chamado "processo de Bolonha" cuja resolução mais me preocupa, seja ela qual for…

2005/04/18

A paisagem que me acompanha no dia-a-dia...


Sentado à secretária do meu gabinete é esta a paisagem em que posso repousar os meus olhos do excesso de computador e papel...
Posted by Hello

2005/04/17

A Fortaleza de If (ao largo de Marselha)


Falei ontem de um dos meus heróis de romance quando quase pouco mais era do que criança (era mesmo criança...): Edmundo Dantès. Alexandre Dumas fê-lo prisioneiro da fortaleza de If, construída num rochedo em frente a Marselha. Fica a fotografia da ilha e forte, tirada em Dezembro do ano passado. Infelizmente não pude visitá-la porque o estado do mar não permitia o acesso à embarcação que faz as viagens turísticas. E não querem crer que tive pena?
Posted by Hello