O Público, que fez anos, convidou António Lobo Antunes para escrever o editorial do seu número de hoje. Notável naco de prosa, que deveria ser lida e meditada (espero que a equipa do Público o faça). Repare-se neste excerto: “É pena que os jornais, como a literatura, sejam uma estrebaria de porta aberta: devia ser reservada aos profissionais sérios . . . que decerto existem. Conheço alguns . . . O que me assusta é o facto de qualquer pessoa estar à mercê de criaturas medíocres, sem possibilidade de rectificar a pulhice”.
The past is malleable and flexible, changing as our recollection interprets and re-explains what has happened.... Peter Berger
2009/03/05
2009/03/03
Uma boa decisão
Tem sido muitas vezes assim: têm-se tomado boas decisões no campo da educação. A sua concretização é que tem falhado, e muito.
Anunciou o Primeiro Ministro a obrigatoriedade da frequência da educação pré-escolar (e não ensino pré-escolar, como tem dito e escrito...) para as crianças do grupo de idade de 5 anos. Muito bem. Está provado que a educação pré-escolar contribui poderosamente para maior êxito na escolaridade básica (e, claro, na posterior). Seria menos enfático se a decisão abrangesse grupos de idade inferiores, porque aos 3 ou 4 anos a família pode, legitimamente, renunciar a esse benefício.
Vamos ver como esta orientação se vai concretizar.
2009/03/01
Porquê?
Porque me cansei da minha vida de "reformado" - talvez não fosse bem cansaço, mas sim um grande aborrecimento por ter deixado de ter um enquadramento na minha vida de trabalho, sem dúvida. Mas sobretudo porque o dia a dia me ia confrontando com um país que, para um optimista como quero ser (mas não fui, nessa altura), me desolava. Como professor que insisto em me considerar, mesmo jubilado, penalizavam-me simultaneamente quer os erros cometidos pela equipa ministerial quer as reacções dos professores, muitas delas indignas de uma classe que tem como objectivo instruir e educar. Como cidadão, assisti (e assisto) à perversão da democracia, a coberto da qual se procuram destruir pessoas - ah, a inveja e a calúnia sempre ligadas! Estávamos à beira do abismo (e voltámos a estar) mas parece que se pretende mesmo que nele caiamos.
Por tudo isso me calei. Talvez até por vergonha de falar. Talvez por considerar inútil manter este blog.
Regresso. Porque de repente percebi o que era a morte a a vida. E que afinal vale a pena não estar calado.
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