2005/12/24

Os lugares onde vivi – (6) Lamego (1963 – Outubro a Dezembro)


Contava-se de Lamego, quando lá estive, uma anedota que, sendo auto-flageladora, tinha graça. D. Afonso Henriques ressuscitara e andava pelas terras que havia conquistado, surpreendendo-se, claro está, com o que o seu guia lhe ia mostrando: estava tudo tão mudado! Até que, ao chegar a Lamego, exclamava: “Olha! Lamego!” A anedota era já, mesmo nesse tempo, injusta, ainda que se reconheça que a cidade se desenvolvia precariamente.

Sabia que iria estar em Lamego apenas o 1º período de aulas e queria consagrar esse tempo a trabalhar já para o estágio. Afinal, os meus dois anos de Magistério tinham-me levado a trabalhar na área da psicologia e por extensão na educação, deixando de lado a história e a filosofia, que seriam as áreas do meu estágio. Tinha um horário bastante bom, só aulas de manhã e apenas turmas de História, curso geral e complementar.

Instalei-me na Casa de Santa Zita, ao tempo porventura o único lugar onde um professor podia ficar, atendendo à relação preço/qualidade; tinha outra vantagem, ficava perto do Liceu, um imponente edifício, construído e inaugurado nos tempos da Ditadura Nacional (existia uma placa a recordar-nos disso mesmo). Belíssimas instalações: até piscina tinha! Apenas se haviam esquecido de instalar um sistema de aquecimento, numa região onde temperaturas a rondar os zero graus são frequentes, Lembro-me de nas aulas os alunos estarem de luvas!

Gostei muito de estar em Lamego. Aproveitei bem o tempo na minha preparação para o estágio, e apreciei a pacatez austera da cidade, as paisagens lindíssimas, a que o Outono emprestou ainda maior riqueza. Em Dezembro, já perto da minha saída, caiu um nevão espectacular, que numa manhã deixara a cidade branca. Já nos anos anteriores, em Viseu, tinha visto neve, e em quantidade, mas nunca como na altura. Comportei-me como um garoto, um pouco como acontecera uns anos antes, quando, ao que creio, caiu o último nevão a sério em Lisboa: foi em Fevereiro de 1954, andava eu no último ano do Liceu, em ensaios da nossa festa de despedida, e recordo-me de ter vagueado pela cidade, subindo ao alto da Graça para ter a visão deslumbrante de Lisboa branca. Também andei pelas ruas de Lamego, quase desertas, naquele silêncio que é tão branco como a neve, em que apenas os nossos passos se distinguem.

Recordo de Lamego as longas conversas com colegas (com quem nunca mais estive, à excepção de um que, depois, chegou a ser secretário de Estado da Educação nos anos 80, o Dr. António Pina), as idas depois de jantar ao café/pastelaria Dalila, então recentemente inaugurado, o excelente presunto e a magnífica bola – e, por que não, o bom vinho da região e os espumantes das caves Raposeira, que visitei algumas vezes…

Tenho depois disso voltado a Lamego, normalmente de passagem, mas, por duas ou três vezes, para passar uns dias, instalando-me no Hotel do Parque de Nossa Senhora dos Remédios (que não existia em 1963). A cidade desenvolveu-se muito e já não haverá hoje o perigo de a reincarnação de D. Afonso Henriques a reconhecer.

2005/12/23

Natal feliz


Estamos no Natal e ontem dei por mim a meditar nos muitos natais que já vivi, e a perguntar-me se, sendo todos tão semelhantes na liturgia que os envolve, a religiosa e a profana, não seria capaz de quase os distinguir a todos. E cheguei à conclusão que apesar do excessivo formalismo com que encaramos a “festa” (é assim mesmo que os madeirenses se referem ao Natal, a “festa”) todos os anos ela se renova e, parecendo igual, é sempre diferente.

Desejo para todos os meus leitores que tenham também um Natal que será único – o de 2005 – com a paz e alegria possíveis.

2005/12/22

Os lugares onde vivi – (5) Viseu (1961-1963) (continuação)


Quando iniciei esta série tinha em mente conseguir “fotografar” os sítios onde vivi e não pensei que isso seria difícil sem recorrer a muitos dados pessoais, que no fundo implicam profundamente com a maneira como vemos e vivemos no meio em que estamos inseridos. Mas a verdade é que desde o primeiro momento a história da minha vida “colou-se” à descrição do local e acabo por concluir que tem de ser mesmo assim.

Por isso tenho de dizer algo mais em relação à minha estadia em Viseu.

Foi durante esses dois anos que eu ultrapassei a minha condição de professor “que queria ser professor” para me tornar no professor entusiasmado pela educação, empenhado em saber mais e em experimentar soluções para que os alunos tivessem êxito. Foi, também, o tempo em que percebi que tinha de lutar porque o meu campo de acção poderia estar minado, como aconteceu em Viseu, se não me conformasse com o estabelecido – e isso eu sabia que iria acontecer mais algumas vezes.

Como já disse, eu tinha de estudar muito porque embora não partisse do zero, a formação que tinha em educação era frouxa. Na Faculdade de Letras fizera, como toda a gente praticamente fazia, o curso de “ciências pedagógicas”, ouvira com admiração Delfim Santos (mas Delfim era um filósofo, gostávamos de o ouvir, mas era cedo para pôr a render a sua filosofia), mas verdade seja não tivera grandes exemplos de boa pedagogia… Fiel à ideia de que só eu era responsável pelo que aprendia, estudei. A disciplina que ia ensinar intitulava-se Psicologia Aplicada à Educação e tinha um “programa” muito aproximado à psicologia do Liceu, ainda tributária da psicologia das faculdades. Tive pois, antes de mais, de ajustar o meu estudo a esse programa. Comecei a conhecer autores dos quais só sabia, muitas vezes, o nome. Para além dos livros que me haviam sido indicados descobri outros, e familiarizei-me com o pensamento dos seus autores.
Tinha quatro turmas de cerca de 50 alunos cada. As minhas aulas eram assim testadas sucessivamente por quatro plateias. Eram alunos que teoricamente tinham acabado de completar o curso geral dos Liceus, portanto a maior parte muito nova. Eu saía generosamente fora das rubricas do programa, procurando ampliar a visão do mundo daquela juventude. Procurava ao máximo o diálogo, mas não deixava de expor, procurando ser claro, até porque o livro que existia, de um certo Escarameia (era mesmo o nome do autor) me parecia fraco, e eu englobava muitos conceitos e factos que ia colher no que estudara.

Um dia, expus brevemente as teorias evolucionistas, falei de Darwin. O que fui fazer! Pouco tempo depois, o director (com quem aliás me dei razoavelmente) veio com pezinhos de lã dizer-me que bem, compreendia que eu falasse de muita coisa, mas que tivesse cuidado, Viseu era um meio pequeno e acanhado, etc., etc. Franzi o nariz, quis saber mais, e compreendi que o professor de Moral da Escola, o Cónego Barreiros, fora informado das minhas “simpatias” darwinianas e “avisara” a direcção… E não só! Por pouca sorte, o médico escolar, que dava também Higiene Escolar, era “apenas” amigo de Salazar (Salazar era de Santa Comba Dão, perto de Viseu) e líder da União Nacional local… Chamava-se Armindo Crespo. Já se deveria ter apercebido, nas poucas conversas que havíamos tido, que não era propriamente um amigo do regime, conquanto não tivesse qualquer actividade política; mas um professor que falava de Darwin não se recomendava…

No final do primeiro ano houve, porém, um problema maior. Eu não fora professor do 1º ano e fui encarregado de ver as provas escritas do Exame de Estado de cerca de 150 alunos. Eram provas vindas do Ministério, com cotações estabelecidas, e dediquei-me ao trabalho com a mesma disposição de sempre: ser cumpridor e justo. Ao fim de uma vintena de provas, comecei a ficar preocupado. Algumas delas eram tão más, tão más, que não via hipótese de lhes dar classificação de passagem (a prova era eliminatória). Por mais que quisesse não podia, porque nem sequer era problema de interpretação: eram questões totalmente erradas ou deixadas em branco.

Se não me engano, dezasseis alunos iam ser reprovados. Antecipei tudo menos o que sucedeu. Na reunião, o Dr. Armindo Crespo insurgiu-se, vociferou, disse que “não podia ser, que não ia ficar assim”, e saiu da sala disparado. Tive aí – honra lhe seja feita – o apoio do director, que reconheceu que eu tinha razão.

Mas reprovaram mesmo os dezasseis, o que constituiu um escândalo porque creio que nunca tinha acontecido naquela escola. Não se pense que fiquei contente, e terá começado mesmo aí uma certa viragem do meu pensamento em relação à avaliação, pondo em causa os exames. Simplesmente eu não podia, se eles existiam, não cumprir com o estabelecido. E por isso não alterei as classificações, como no fundo queria o Dr. Crespo.

Todavia, a minha situação tornou-se periclitante. A partir daí sabia que tinha quem não me perdoaria, que me tornara “personna non grata”. Curiosamente os alunos não mudaram a sua atitude para comigo, que foi sempre de simpatia e compreensão. Mas desde essa altura decidi que não me iria eternizar em Viseu e que por muito agradável que fosse ter um lugar efectivo eu tinha de ir fazer o estágio.

Aconteceu que foi alterada a legislação e foi abolido o exame de entrada, substituído por um de saída (já escrevi sobre isso neste blog); o processo de candidatura era apenas formal (por requerimento). Já não me recordo se fiz contas e percebi que entraria, mas o certo é que no fim do meu segundo ano, depois dos exames de Estado dos meus cerca de 200 alunos, pedi a exoneração do cargo e voltei a concorrer para ser professor eventual dos liceus, uma vez que o estágio só começava em Janeiro.

Fui então colocado em Lamego, onde estive de Outubro a Dezembro de 1963.

2005/12/21

Os lugares onde vivi – (5) Viseu (1961-1963)


Quando regressei da Horta, em 1961, voltei a concorrer, como professor eventual, para o novo ano lectivo. Queria fazer o estágio, para entrar na carreira que sempre ambicionara, mas entrar no estágio era, na altura, uma tarefa complicada. Os candidatos eram obrigados a fazer um exame de admissão que era considerado de grande dificuldade, na medida em que os seus conteúdos eram todos os cobertos pelos programas de História e Filosofia mas tratados “a nível universitário”, o que, como se compreende, causava uma certa intranquilidade. Aliás, corriam histórias (verídicas) de candidatos de grande qualidade que haviam sido reprovados.

Ora eu sentia-me tentado a fazer o exame, mas precisava de mais preparação. Os dois anos anteriores tinham sido ricos, porque dera praticamente todas as matérias, mas não me sentia de modo algum seguro.

Fiquei, de novo, em Santarém, onde fui recebido de braços abertos. Mas não iria ficar lá por muito tempo, porque me aconteceu o inesperado…

Dias depois de ter começado as aulas, num sábado à tarde encontrei em Lisboa, na Livraria Portugal, um bom amigo que me ajudara imenso a desbravar os meus conhecimentos de arqueologia pré-histórica, o Dr. Bandeira Ferreira, que trabalhava no Museu Etnológico Doutor Leite de Vasconcelos, em Belém. Na conversa, perguntou-me se eu não quereria ocupar o lugar de professor de Psicologia de uma Escola do Magistério. Tinha saído legislação recente que remodelara as Escolas, e que afectara a cada uma um lugar de professor de Psicologia, a ser ocupado por um licenciado em História e Filosofia (não esqueçam que não havia cursos de psicologia em Portugal), e ele (Bandeira Ferreira), que de algum modo tinha ligações ao gabinete do Ministro (na altura, um professor de Coimbra, Manuel Lopes de Almeida), andava precisamente à procura de possíveis candidatos. Esses professores seriam providos precariamente mas dois anos depois fariam um concurso para se tornarem definitivos.

Achei que era uma hipótese agradável, embora não soubesse muito de psicologia (pelo menos, achava que não sabia): só tinha tido três disciplinas, Psicologia geral, Psicologia Experimental e Psicologia Escolar e Medidas Mentais. Falou-se vagamente da hipótese Porto – porque Lisboa já estava preenchida pelo Fernando Castelo Branco.

Ficou de me telefonar, e aguardei. Só nos primeiros dias de Novembro recebi o telefonema: a oferta era Viseu. E aceitei.

Já conhecia razoavelmente Viseu, porque durante alguns anos passara férias na terra de uma cunhada, em Canas de Senhorim. E assim disse adeus a Santarém, onde tive uma despedida afectuosa, e no dia 11 de Novembro de 1961 apresento-me ao serviço na Escola do Magistério Primário de Viseu, que estava na altura sem director, porque o anterior saíra e aguardava-se pela nomeação do seu sucessor, que viria a ser o Dr. António Correia de Barros.

Estive em Viseu dois anos, dois importantes anos da minha vida profissional, já que estudei a sério psicologia e aprendi imenso.

Viseu era, na altura, uma cidade com muito menos rotundas do que hoje (mas já com algumas…) e sem toda a urbanização que hoje cobre os arredores próximos, mas era já uma bela cidade, que sempre soube preservar o seu centro histórico e, fora dele, procurar crescer com alguma harmonia. Uma cidade em que apreciava as generosas zonas verdes, das frondosas árvores do Rossio ao Fontelo, não esquecendo o parque fronteiro ao Liceu. Era também uma cidade com muita vida, animada por centenas de estudantes e por ser um centro comercial de grande importância. Estou a falar no passado porque me reporto aos começos dos anos 60, mas é evidente que tudo isto é também o retrato do presente. À volta de Viseu, a pouco mais ou menos de 20 quilómetros, existem povoações importantes para quais é um pólo de atracção: Mangualde, Nelas, Tondela, S. Pedro do Sul, Sátão são pontas de uma estrela de que Viseu é centro.

Na altura em que lá vivi, faltavam salas de espectáculos decentes mas não faltavam os bons restaurantes e pastelarias (a Santos creio que já não existe, mas a Horta penso que ainda resiste, e ainda bem, porque os docinhos de ovos eram e devem continuar a ser uma maravilha!).

Para não alongar este post, deixarei para o seguinte mais algumas reflexões sobre o tempo que vivi em Viseu.

2005/12/20

Pérolas

No Jornal de Noite da SIC de ontem, o repórter pergunta (não sei se a um cliente se ao proprietário de um estabelecimento onde se vende bacalhau) se ele sabe por que motivo existe a tradição de a ceia de Natal, em Portugal, ter como prato obrigatório o bacalhau. A resposta:
- Ah! não sei... Isso é uma tradição que vem dos tempos vindouros!

2005/12/19

Os lugares onde vivi – (4) Horta, Açores (1960-1961; 1967-1968) – 2ª parte

Voltei a Horta em 1967, desta vez para tomar posse do lugar de professor efectivo do 4º grupo do Liceu, que estava sistematicamente em aberto por ninguém querer ir para lá. Tal como hoje, não era então fácil efectivar (no ensino secundário, especialmente). Eu terminara o estágio em 1965 com uma boa classificação, o que me fez subir uns lugares no grupo que esperava por uma oportunidade para passar à efectividade, mas teria, se queria que tal acontecesse rapidamente, tentar uma de duas coisas: ou concorria a um liceu das então chamadas províncias ultramarinas, ou a um liceu das ilhas. Confesso que a África nunca me atraiu suficientemente para decidir viver lá em permanência, por isso, como já conhecia os Açores e nem me dera mal, concorri e fiquei. Eis-me portanto de novo na Horta seis anos depois. A nível de transportes, tinha havido entretanto uma modificação importante; tinham entrado ao serviço dois paquetes de muito bom nível, o “Funchal” e o “Angra do Heroísmo”, em que tive ocasião de viajar e eram bem superiores aos dos começos da década, especialmente em velocidade (quem quiser ver as imagens desses navios pode fazê-lo aqui).


Também as ligações aéreas tinham sido melhoradas, embora só nesse ano o aeroporto da Horta (situado na freguesia de Castelo Branco, a uns quilómetros da cidade) tivesse começado a ser construído. Recordo-me de durante algum tempo o engenheiro Edgar Cardoso ter estado na Horta por causa do aeroporto que iria ser inaugurado três anos mais tarde, em 1971. Ele fazia as suas refeições no mesmo restaurante que eu, o “Capitólio”, e recordo como curiosidade que levava com ele uma pequena garrafa de azeite, com que temperava o peixe cozido (como se podia esperar, o peixe era óptimo).

Também a nível de instalações hoteleiras existiam melhorias. Abrira uma Residencial, a S. Francisco, remodelando parte das instalações do Hotel. O próprio liceu fora melhorado, com a construção de uma ala nova. Talvez houvesse também mais procura turística, embora a sua expressão fosse ainda pequena.

Contudo, as comunicações telefónicas continuavam a ser um problema: na prática, só funcionavam através de chamadas com aviso prévio, e a audição era deficiente. Esperava o nascimento da minha filha para o fim de Janeiro, o que de facto aconteceu, e soube do seu nascimento por telegrama que me chegou às mãos no dia seguinte, estava a dar uma aula (quem pode esquecer esse momento?). Por esse motivo, vim ao Continente (como se dizia, e ainda diz, nos Açores e também na Madeira) nas férias de Natal e Páscoa. Nestas últimas fiz mesmo o meu baptismo de voo, num pequenino avião da SATA entre S. Miguel e Santa Maria, tomando depois o avião da Pan American para Lisboa.

A cidade não alterara muito a sua pacatez, e eu não alterei muito os meus hábitos de trabalho. Repartia as horas lectivas de História e Filosofia com um colega que fora lá colocado e com o qual tive uma excelente relação durante todo o ano, o José Fernando Cabral Pinto, relação essa que se perdeu, mais tarde, ainda que durante algum tempo tenhamos continuado a ter relações de amizade. Nunca percebi se a culpa foi minha, dele, ou dos dois… nem sequer sei se houve culpa. Na medida em que também tem estado ligado à educação tenho sabido do seu percurso, como provavelmente ele tem sabido do meu.

Este ano foi um ano produtivo, no qual fiz uma experiência com os meus alunos de Filosofia do 7º ano. Estava nessa altura muito influenciado por um livro da ARIP (Association pour la Recherche et l'Intervention Psychosociologiques) sobre pedagogia não-directiva e estava também entusiasmado com a sociometria. Um dia escreverei sobre essa experiência e o que ela me ensinou.

Outro ponto que marcou a minha estadia na Horta nesse segundo ano foi o meu envolvimento na festa dos finalistas, que me convidaram para os ajudar. A Horta dispunha de uma sala de espectáculos razoável, ainda que envelhecida, o Teatro Faialense, e foi lá que se realizou a festa. O prato forte foi a representação de uma peça de teatro de Thornton Wilder, “A longa ceia de Natal”, e uma espécie de revista, “Olha o disco!” (os discos voadores estavam na moda…), que eu próprio escrevi e na qual se incluíam as “piadas” à vida do Liceu que os alunos entenderam apropriadas. Foi um mês e meio muito interessante, no qual pude avaliar muitas coisas que porventura as aulas não me revelavam…

Insiro três fotografias da época: um aluno, na festa, a imitar-me, vestindo a minha gabardina e usando a minha pasta, o meu guarda-chuva e até os meus óculos escuros; eu no navio “Funchal”, tendo como fundo a ilha de S. Jorge; e o grupo de alunos finalistas com três professores ao centro (o Dr. Tomás da Rosa, Drª Fernanda e eu).







Apesar de gostar muito do ambiente do Faial, concorri para as vagas que apareceram, e entre elas para o Funchal. Sabia que provavelmente seria a que me caberia em sorte, mas mesmo assim melhorava, porque ficava com melhores ligações para Lisboa. E assim aconteceu…

Regressei ao Faial duas vezes, uma depois do 25 de Abril, em “serviço” do Ministério da Educação, e outra, muito recentemente, em férias turísticas. Claro que a Horta mudou, ainda que estruturalmente, e ainda bem, continue a ser uma cidade pacata e agradável. Curiosamente, foi apenas na última viagem que entrei no célebre “Peter”, cujo fundador faleceu recentemente: na verdade, nos anos 60 o “Café Sport”, apesar de já existir e de ter iniciado a sua actividade de apoio aos iates que demandavam o porto da Horta, não tinha a notoriedade que alcançou depois.

Em termos gastronómicos, no Faial aprendi a gostar de inhames e a apreciar o verdelho do Pico. Ah! e os cavacos eram excelentes! (quem quiser saber mais sobre cavacos, clique aqui).

Pergunta ingénua

* Por que será que o José Rodrigues dos Santos pisca o olho quando termina os telejornais que apresenta?