2008/01/18

A Universidade do Minho decidiu


Leio uma nota informativa da Reitoria da minha Universidade que a Assembleia Estatutária decidiu não solicitar a passagem da Universidade ao regime fundacional.

Acho sensato, porque a informação disponível não é completa e há muita coisa em jogo que tem de ser acautelada. Continuarei, a distância, a seguir o trabalho da Assembleia e, também, a ter em conta as decisões das outras instituições, em especial das que já decidiram de outra maneira, como a Universidade de Aveiro.

2008/01/17

E a educação, como vai?


Lembrar-se-ão alguns dos leitores da Memória Flutuante do meu interesse pela educação (alguns dos mais interessantes diálogos que mantive neste blog foram nessa área). Nesta longa ausência, desde meados do ano passado, muita coisa aconteceu que teria naturalmente merecido comentário.

Como creio que é opinião da generalidade dos portugueses, o estado da educação no país precisava mudar, e em meu entender tinham-se começado a criar condições para essa mudança a partir de um quadro de referências razoavelmente definido e preparado no tempo do ministro Marçal Grilo. Repare-se: digo que se tinham começado a criar as condições, não que foram criadas; por diversas razões as linhas mestras das alterações foram ou abandonadas ou abastardadas e escolas, professores e alunos, salvo raras excepções (que existem!) nada mudaram – talvez, até, tenham aqui ou ali piorado.

O advento da ministra Maria de Lurdes Rodrigues, em 2005, permitiu pensar a muita gente que tinha chegado a hora da acção, e em certo sentido assim foi. Recordo que apoiei algumas das medidas do início do seu mandato, como as aulas de substituição. A pouco e pouco, contudo, apercebi-me que Maria de Lurdes Rodrigues dominava mal aspectos importantes da educação, e que o seu voluntarismo e inabilidade em dois domínios fundamentais – comunicação e diálogo – estavam a complicar a hipótese de levar a efeito uma mudança real e consequente. Concordando com muitas das ideias, tenho hoje muitas interrogações acerca da maneira como têm sido concretizadas e lamento que se esteja a desperdiçar uma oportunidade única.

Cabe aos professores, como profissionais, darem o seu melhor: são os seus alunos que o exigem.

2008/01/16

Meio século depois…


Volto a deambular por avenidas e ruas que percorria e conhecia bem. Salvo um curto período, sempre vivi em Lisboa na zona conhecida por “Avenidas Novas”, que neste regresso à capital me acolheu de novo – é aqui que gosto de viver e penso que em qualquer outro lugar teria menos prazer no reencontro.

Muito mudou e muito permaneceu. Entrar na Versailles é como se tivesse lá estado ontem; do lado de fora, o estaleiro para a construção da nova estação do metro do Saldanha lança a confusão no estrangulamento do trânsito na Avenida da República, um ónus para todos nós na esperança que acabe depressa e permita usar um pequeno novo troço de linha que nos leve em minutos à Gare do Oriente.

Mas não é só a Versailles: quase em frente a Pastelaria Ceuta, onde durante alguns meses tomei o pequeno-almoço antes de ir para o Liceu Padre António Vieira onde dava aulas de Filosofia e História no longínquo ano de 1967, continua aberta quase com a configuração que tinha na altura. E reconheço meia dúzia de lojas que permanecem – sobreviveram nestes cinquenta anos – como reconheço, na sua traça da primeira metade do século passado, o Liceu D. Filipa de Lencastre, onde nos anos 70 fui professor efectivo.

Claro que há muitas novidades: o edifício da Caixa Geral de Depósitos, o Centro Comercial do Campo Pequeno (no fundo, todo o arranjo da praça de touros, que só no exterior é a mesma), a estação de comboios de Entrecampos… Mas nada disso retira o ar familiar que reencontro na alta da cidade.

Pena o ar de algum desleixo que existe nas ruas, sobretudo ao pé dos muitos locais onde estão implantados os recipientes de recolha para materiais recicláveis: a cidade está suja, mal cuidada. Há demasiados buracos nos passeios, que são obstáculos para os peões, sobretudo os mais velhos – e nesta parte da cidade a população residente está envelhecida. Será que uma gestão da Câmara Municipal mais atenta poderá minimizar este ar de desleixo? Seria bom.

Entretanto, continuo a explorar o resto da cidade – a que conhecia menos bem e a que não poderia conhecer porque é totalmente nova. Este sol de inverno que hoje está convida a um passeio.

2008/01/15

A delapidação da memória


Nos fins de Novembro do ano passado deixei de residir em Braga e regressei (pode dizer-se que regressei…) a Lisboa, embora desde 1983 o meu domicílio real nunca tenha sido na capital. Foi uma decisão que amadureceu ao longo dos últimos meses, fruto do termo das minhas funções na Universidade do Minho e também das da minha Mulher, que se aposentou igualmente. A não ser a Universidade pouco nos ligava a Braga, mau grado as boas amizades que deixamos – mas amizades que permanecem sem ser necessária convivência frequente – e o ambiente global da cidade, que é agradável.

Devo dizer que se fosse para trabalhar poria sérias reticências em regressar a Lisboa – nessas condições viver na capital é um inferno, com as horas de ponta… Mas para quem não tem horários, Lisboa é muito atraente e estou a gostar: quando não chove o céu de Lisboa é uma maravilha (só no Algarve é mais bonito).

A mudança é que foi um quebra-cabeças. O que se acumula ao longo dos anos! Tinha caixas que já tinham vindo de Faro e nunca tinham sido abertas. Tive verdadeiros momentos de angústia quando me apercebi que não podia pura e simplesmente trazer tudo: não sendo mais pequeno, o apartamento em Lisboa tinha menos hipóteses de arrumações e por isso tive de decidir sobre o que tinha de “deitar fora”, como se diz no quotidiano.

Procurei conservar o máximo, sobretudo o que me trazia “memórias”, mas mesmo assim reduzi substancialmente o acervo que fui acumulando. Nos últimos tempos a minha grande tarefa tem sido arrumar – livros e papeis, sobretudo – de modo a ter um passado organizado. Ainda me falta muito tempo, claro, mas tempo é coisa que não falta a um aposentado, ainda que me queira convencer do contrário…

Tudo somado, delapidei um bom pedaço do suporte físico da minha memória. O que talvez a torne ainda mais flutuante…

2008/01/14

A memória da “Memória”…


Faz hoje três anos que iniciei este blog – que tão desprezado tem estado nestes últimos tempos. Depois de um ano de muita actividade, e coincidindo de algum modo com a passagem à nova situação de “aposentado”, tenho de reconhecer que o meu interesse esfriou e tenho-me interrogado sobre vários aspectos desta actividade, que tanto me seduziu inicialmente.
Pouparei os meus leitores a divagarem comigo sobre essas interrogações, e apenas direi que apesar de todas as minhas dúvidas sobre o interesse (para mim e para quem me lê) em prosseguir, ou melhor, reactivar, a Memória, decidi fazê-lo, aproveitando o simbolismo do aniversário.
Espero que regresse em bem…