2005/05/06

A entrevista de Mariano Gago ao Diário Económico


Da entrevista:
Entrevistadora – Arrisca-se a ter cursos de ciências e tecnologias completamente vazios, porque as médias a matemática, nos exames nacionais, são de quatro valores…

Ministro – O que é absolutamente extraordinário é poder acreditar-se que é preferível transferir o insucesso escolar para a frente. É possível alguma vez acreditar que alguém que tenha nos exames nacionais três ou quatro valores em vinte possa com sucesso frequentar um curso de Engenharia? Não é um desperdício gigantesco de recursos para Portugal?

Entrevistadora – O curso de Engenharia pode é ficar sem alunos…

Ministro – Se ficar sem alunos um ano, talvez no ano seguinte faça um esforço maior para dar a mensagem aos estudantes do ensino secundário que é absolutamente indispensável estudarem. O que é absolutamente inacreditável é esta ideia, que se generalizou na sociedade portuguesa, que tudo era fácil. Não é fácil. É preciso estudar. É preciso estudar mais.

Esta não é uma posição elitista: é uma posição inteligente em defesa das instituições e dos próprios alunos. Todos sabemos que por detrás da aceitação de candidatos sem quaisquer bases para fazer um curso superior existe a necessidade de a instituição ter alunos; mas há limites. Como tenho defendido neste espaço, a relativa complacência em relação aos alunos que frequentam o ensino básico deve acabar quando se entra para o secundário. Fico pois satisfeito com a atitude de Mariano Gago e ainda mais contente por o CRUP manifestar concordância. Quanto ao CCISP, apenas uma pergunta: que espécie de credibilidade pretende para as escolas que representa ao pôr reticências a esta ideia?

In Diário Económico – dia 6 de Maio de 2005, p. 36

As crónicas na RUM (6)


Em novo dia, mantendo porém o horário habitual, renovo este agradável compromisso semanal de conversar com os ouvintes que sintonizem a Rádio Universitária do Minho.

As medidas anunciadas pela Ministra da Educação em relação à escola básica tornaram efervescente o meio educativo. Professores, Sindicatos, Associações de Pais, Presidentes de Câmaras Municipais, não deixaram de comentar, com maior ou menor sentido crítico, a extensão do horário por mais duas horas e trinta e o facto de ser a Matemática a disciplina escolhida para programas de formação contínua. Como de costume, os Sindicatos não gostaram de não ter sido ouvidos previamente.

Devo dizer que teoricamente as medidas anunciadas são positivas e só estranho que haja alguém que não concorde com elas. A transposição dessas medidas para a prática é que constitui um problema, e sem saber quais as soluções que virão a ser tomadas tudo o que possamos dizer, de bem ou de mal, é prematuro.

Mas podemos, logicamente, especular cenários e tecer considerações sobre o que está em causa. Comecemos pela extensão do horário escolar. Como se sabe, há ainda muitas escolas que funcionam em regime de desdobramento. Temos de presumir que se há desdobramento é porque a capacidade da escola não é suficiente para albergar todas as crianças. Será possível encontrar, em poucos meses, uma solução aceitável para que todos os alunos possam estar na escola das 9 às 17 e 30?

E os professores? A quantas horas lectivas vão ser obrigados? Os professores do 1º ciclo, tal como os educadores de infância, já têm mais carga lectiva do que os seus outros colegas. Podem existir soluções para isto, claro, mas há um ponto que não posso deixar de referir. Toda a investigação feita sobre reformas e mudança nas escolas aponta para um adquirido comum: só são bem sucedidas se os professores as apoiarem, e eles só as apoiarão se as compreenderem, se lhes descobrirem benefícios. Repare-se que digo professores e não Sindicatos. Os Sindicatos são estruturas importantes no que concerne aos direitos e deveres dos professores, não em relação aos problemas pedagógicos. Para esses, são os professores e não quem os representa que podem e devem decidir. Como procederá o Ministério para ganhar para estes princípios de mudança que, repito, são teoricamente correctos, mas de implantação prática complexa, os professores do 1º ciclo do ensino básico?

Um outro aspecto, o da incidência na Matemática, em também de ser burilado: uma solução estandardizada não me parece aconselhável, nem para alunos nem para professores. As escolas não são oficinas para fabrico de peças iguais, são oficinas para promover o desenvolvimento de seres humanos, todos diferentes mas potencialmente capazes de aprender.

Como se vê, estou expectante em relação às acções futuras da Ministra (e do seu Ministério), com um misto de aprovação e de preocupação. É preciso que o governo, com a sua maioria absoluta, governe bem, e para governar bem tem de ter consigo os governados.

Até para a semana.

2005/05/05

Preocupações com Bolonha…


Ontem houve na minha Universidade uma jornada de reflexão sobre Bolonha. Precedida de trabalho nas escolas e institutos, o qual envolveu docentes e estudantes, culminou na apresentação dos resultados desse trabalho à comunidade académica, que respondeu em números relativamente modestos se atendermos ao número de efectivos, mas suficientemente significativo se tivermos em conta que estavam representadas todas as estruturas que têm de responder ao desafio de apresentar novas propostas de estruturas curriculares para os diferentes cursos.

Quando se decidiu promover as jornadas pensei que tinha sido uma decisão tardia, embora necessária. Julgo que afinal foi no melhor momento porque já se puderam introduzir na discussão as orientações comunicadas no final da reunião do Conselho de Ministros de 28 do mês passado.

Ainda há no entanto dúvidas e algumas preocupações. Não as vou passar em revista a todas, mas referir uma que me parece ter de ser rapidamente deitada para trás das costas.
Há quem se preocupe por o novo esquema ir criar situações que, a seus olhos, configuram diferenças intoleráveis. Isto é, ter um mestrado em cinco anos é uma afronta a quem, eventualmente, o tenha obtido depois de sete. Certamente que tal situação vai acontecer, mas isso é o ónus da mudança que todos têm de aceitar. No passado houve situações semelhantes: antes do 25 de Abril as licenciaturas em Letras eram de quatro anos, aos quais se juntava, na prática obrigatoriamente, um ano para fazer uma dissertação; só depois da sua defesa (e de um exame adicional) se obtinha o grau. Essas dissertações não ficavam atrás das actuais dissertações de mestrado. Abolidas as dissertações, passou a ser-se licenciado nos diferentes cursos de Letras sem tese… e nunca foi reconhecido, a quem tinha o curso antigo, que a tese feita poderia ser equiparada ao mestrado.

Por outro lado, é evidente (pelo menos para mim) que as alterações metodológicas implícitas no novo esquema vão introduzir substanciais diferenças e conduzirão a mestrados que terão pouco a ver com os actuais, mais próximo de mestrados anglo-saxónicos, qualificados como mestrados de ensino (taught masters), nos quais a tese (quando existente) tem de ser feita num período de quatro ou cinco meses. Claro que estes mestrados não são compatíveis com “part-times”…

Quem tiver qualidades para a investigação prosseguirá para o 3º ciclo de estudos – o doutoramento.

Sinceramente, não vejo nada de trágico nestas mudanças; penso até que são ecologicamente excelentes!

2005/05/03

O Maio de 1965


Há quarenta anos, o mês de Maio afigurava-se-me decisivo na minha vida. Estava há dois anos em Coimbra a “fazer” o estágio para professor do ensino liceal no então Liceu D. João III. Acabava-o nesse ano e nesse mês: tinha, pela frente, dois exames. O primeiro, uma espécie de exame de “saída” que compensava a abolição, anos antes, de um exame de admissão; o segundo, o chamado exame de Estado. Sobre que ia eu ser examinado? No exame de saída havia duas provas escritas de 3 horas de duração, uma sobre História e outra sobre Filosofia. Com uma curiosidade: os temas a desenvolver podiam ser quaisquer retirados dos programas das respectivas disciplinas… Havia depois uma prova oral sobre questões de pedagogia que, em princípio, deveriam ter sido abordadas no decurso dos dois (dois!) anos de estágio. Passado esse exame, o de Estado consistia numa lição dada a alunos do Liceu, sorteada com a antecedência de 24 horas. Nesse tempo teria de planificar, encontrar materiais e o resto, e, no dia, “dar” a aula aos meninos, que podiam ser do antigo 3º (actual 7º) ao 7º (actual 11º). O júri, que era composto por 7 professores (o Presidente do Ensino Superior, os vogais eram todos os metodólogos dos três liceus normais do país) assistia à aula e depois um dos seus elementos discutia-a com o candidato.

Era um mês pesadote, não acham?

Ao longo deste mês, ajudado pelo meu diário do estágio, vou trazer à minha memória o que passei há quarenta anos – e creiam, há aspectos que parece que os vivi ontem. Os mais novos vão perceber como se tinha exigência na formação dos professores, que era dificultada a ponto de nesses dois anos de estágio o estagiário não ter direito a vencimento… Pelo contrário, pagava propinas! (Devo dizer que isso não se me aplicou porque pedi e obtive uma bolsa de estudo – e implicitamente não paguei propinas – no valor de 7 800 escudos por ano… o que dava a média “extraordinária” de 650$00 por mês. O que isso representava para a época é que pagaria um quarto modesto mas já não cobriria as despesas normais de alimentação).
Uma última palavra para hoje: Coimbra era, nesse tempo como hoje, uma cidade excelente para estudar, e na alta, onde morava (mesmo em frente ao liceu) havia sossego. Passava o tempo nas bibliotecas, quer no Liceu, quer na Biblioteca Geral da Universidade, e umas vezes por outras na Municipal. Ia à Baixa poucas vezes, quase sempre quando precisava de livros ou para comprar um jornal que lia muito na época, o The Observer, e que às quartas-feiras já se vendia numa tabacaria no Largo da Portagem. Depois, subia devagar por caminhos diversos até casa: era essa a minha grande distracção, para além das longas conversas que tinha com amigos feitos em conversas à hora do almoço e do jantar ou, como eu, hóspedes na mesma casa. Apesar de tudo... bons tempos!

2005/05/02

Os restos do resto (4)

A única postura de quem quiser apreciar, com neutralidade, as medidas anunciadas pela Ministra da Educação que tenho vindo aqui a comentar é, creio, adoptar o princípio de esperar para ver. Todos nós temos ideias e normalmente estamos convencidos de que essas ideias são as melhores. Por vezes, conseguimos alinhar ideias alternativas, e então ficamos mais abertos a uma apreciação menos subjectiva.

Estou curioso em ver os desenvolvimentos que surjam para os conferir com as minhas ideias, muitas das quais não expressei aqui, bem como com as ideias dos meus comentadores, que de um modo geral reforçaram essas que não expressei. Eu posso enunciar receios, mas não devo à partida proceder a um julgamento sumário. Se nem fiz isso a Santana Lopes, apesar de pensar o pior, até ao discurso da posse! (É verdade que foi muito cedo, mas também, com um discurso daqueles, quem poderia continuar a ter dúvidas?).

Vejamos dois pontos que têm sido levantados: em escolas com o chamado “desdobramento”, como se vai fazer? Já li que alguém do Ministério disse que se iria proceder a um levantamento e se fariam a tempo as obras necessárias. Ora bem, eu tenho as maiores dúvidas que isso seja conseguido, mas em vez de clamar logo pela irresponsabilidade de tais afirmações vou esperar para, depois, julgar.

Ao prolongar o tempo na escola, não se irá dar mais do mesmo? Porque confio na inteligência das pessoas, penso que não, e ainda que as recomendações do Ministério possam não ser claras, um professor sabe certamente que isso não resulta.

Este post teve uma intenção: clarificar que eu defendo ideias e não pessoas, tal como quando critico ideias não critico a pessoa que as tem.

2005/05/01

A Matemática e o resto (3)

Quero reflectir agora sobre a primeira medida, a que pretende assegurar formação contínua aos professores do 1º ciclo (neste caso, especificamente em Matemática), com o apoio de estabelecimentos de ensino superior. As ESEs, sucessoras das Escolas do Magistério Primário, já tinham como incumbência a formação contínua dos docentes que formassem – começando por um célebre ano de indução, lembram-se? Um dia dedicar-lhe-ei um post, a esse nado-morto.

Na verdade, a formação contínua em Portugal só começou a despertar alguma atenção por parte dos órgãos do governo nos anos 60 – o ministro Galvão Teles foi autor de um projecto de Estatuto da Educação Nacional no qual consagrava o princípio do “constante aperfeiçoamento científico e pedagógico do pessoal docente”. Esse estatuto não chegou a ver a luz do dia, mas a Lei nº 5/73, a lei de bases da educação de Veiga Simão, refere-se explicitamente “a formação permanente dos agentes educativos”. Essa lei foi depois revogada pela Lei nº 46/86, ainda em vigor, mas entretanto numerosos diplomas tentaram regulamentar a formação de docentes, incluindo as ESEs, como escrevi acima.

Quando estive à frente da ESE de Faro (1985-1989) procurei desenvolver a faceta da formação contínua para os professores do 1º ciclo (na altura referidos como do ensino primário) e cerca de 140 professores, durante dois anos, seguiram um programa descentralizado em três núcleos (Monchique, S. Bartolomeu de Messines e Loulé), seguindo planos de estudo e trabalho que foram definidos (e consensualmente aceites) pelos formandos, entre os quais refiro, por exemplo, “Despistagem das dificuldades de aprendizagem”, “Métodos de aprendizagem da leitura e da escrita”, “O trabalho de grupo em classes com duas fases”. Estes professores reuniram-se no 1º ano semanalmente, durante três horas, nas localidades indicadas, a que se deslocavam três equipas de docentes da ESE. No 2º ano o modelo foi diferente, de formação a distância. Foram distribuídos textos modulares (sobre diversos assuntos) que eram trabalhados nas escolas durante o tempo de aulas e depois os professores deslocavam-se a Faro para seminários com os docentes da Escola. Não havia na altura sistema de créditos nem remunerações extra aos formadores…

A ideia de criar sistemas de formação contínua que fossem eficientes tinha-a desde que lera sobre o assunto, quando em estágio para professor do ensino liceal, e que desenvolvi mais quando no Ministério da Educação. Liguei-a então a uma outra, a da criação de centros de recursos que fossem, por si, geradores do interesse nos professores para procurarem a sua própria formação dados os apoios que lhes fossem facultados. Ainda antes do 25 de Abril tive ocasião de visitar a rede de centros francesa (o Centre de Documentation Pédagogique, hoje Centre National de Documentation Pédagogique, de Paris e os Centros Regionais, tendo na altura visitado o de Caen, estruturas que ainda hoje se mantêm vivas e de boa saúde). Depois, a ideia ampliou-se e quando estava no GEP estive envolvido num projecto semelhante, a criação dos CRAP (Centros Regionais de Apoio Pedagógico), que teve o apoio técnico da OCDE. Os Centros chegaram a ser criados, mas as mudanças políticas e a própria política desses tempos “quentes” inviabilizou a sua continuidade. As ESEs surgiam a meus olhos como as instituições que mais poderiam fazer para oferecer aos professores em exercício uma formação contínua adequada, tanto mais que a legislação assim o determinava.

Infelizmente, nunca se pensou assim, e a rede de escolas, que cobria o país a nível distrital (onde não havia uma ESE a Universidade encarregara-se de constituir unidades de formação para o mesmo efeito), não foi aproveitada.

Mais tarde, nos começos dos anos 90, criam-se os Centros de Formação de Associações de Escolas. Saudados como uma inovação com sentido, têm evoluído desde então com diferenças substanciais no que se refere à sua actividade e, sobretudo, aos resultados dela resultantes. Mas ninguém dirá que o panorama da formação de professores no país mudou por sua causa.

Ora quando nas entrelinhas de uma comunicação da Ministra entrevejo uma ideia que defendi não posso deixar de ficar agradavelmente surpreendido. Não sei como essa ideia vai ser operacionalizada, e portanto não me estou a comprometer a aplaudir a não ser o princípio, recordando as palavras ditas:

“A execução do programa ligará o ensino superior às escolas do primeiro ciclo através das sedes de agrupamento. Trata-se de um modelo de grande proximidade, de acompanhamento regular e periódico dos professores, de formação em exercício, num formato inovador de exigência e responsabilização, que visa contrariar a dispersão, atomização e o abandono a que estão votadas as escolas e os professores do1.º ciclo. O programa trará até eles os professores de matemática das escolas superiores de educação e dos departamentos de matemática das universidades para um acompanhamento e formação contínua em matemática”.

O que ele venha a ser efectivamente, vamos ver.

Memórias do Primeiro de Maio

Até 1974

Um dia como os outros.

O de 1974

Algo que é difícil descrever. Um dia impressionante, a terminar uma semana riquíssima de emoções. Não era um dia para ficar em casa: toda a gente (bem: quase toda…) foi para a rua. Os nossos passos, seguindo já um rasto de manifestantes, encaminharam-nos do Campo Pequeno para a Alameda D. Afonso Henriques. Na Praça de Londres encontro a minha professora de História do D. João de Castro, Lucília Estanco. Um ar de felicidade na maneira como me reconheceu – largos anos depois, agora que era seu colega… Do cimo da Alameda, que mar de gente! Parecia que todos nos conhecíamos, que todos éramos amigos. E talvez naquele momento fôssemos – mas as cumplicidades iam acabar depressa, nesse mesmo dia, noutro cenário. Cravos, bandeiras, palavras de ordem, gargalhadas – e, repito a ideia, um ar de felicidade incontida. Muitos fotógrafos também. Um dia diferente de todos os que vivi – e somente no dia da queda do muro de Berlim, nos directos que me chegavam pelas televisão, encontrei um paralelo. Quando chegámos a casa estávamos cansados mas, de facto, felizes. Afinal, Portugal não era mais um país amordaçado.

Os de 1975 e 1976

A velha questão de não se acreditar em bruxas, mas que as há…

No dia 1 de Maio de 1975, depois de uma volta pela cidade de Lisboa, descíamos à noite a Almirante Reis no meu Volkswagen 1300 e tive de parar num sinal vermelho. Parei lentamente, tinha-o visto a tempo. Dois segundo depois, alguma coisa choca violentamente com o carro. Felizmente tinha o travão de mão. Que acontecera? Um motociclo, conduzido por um homem ainda novo, tinha esbarrado contra a traseira do carro e jazia no chão, sem dúvida ferido mas consciente. Vi de imediato que estava embriagado e muito. Como é óbvio juntaram-se populares, e achou-se que o melhor levá-lo ao Hospital de S. José, mesmo ali perto. Foram umas duas horas de inquietação, até se perceber que o senhor não tinha nada de grave (nem sequer seguro…). Resolvidas as questões policiais – muito fáceis, dadas as circunstâncias, regressámos a casa. Consequência: paguei do meu bolso o arranjo… nada barato, lembro-me.

No dia 1 de Maio de 1976, estava em casa, à noite, a ver televisão, quando oiço na rua um estrondo de chapa batida. Fui à varanda, e que vejo? O meu Volkswagen que estava estacionado à porta de casa tinha sido abalroado por outro carro que não desfizera certamente uma pequena curva anterior. Desci logo (morava num 7º andar) a tempo de ter uma conversa com os homens (eram quatro). Não quero jurar mas penso que também havia ali álcool a mais. Mas houve, no entanto, sensatez: de imediato deram-me todos os elementos para que o seguro pagasse os estragos (bem maiores do que os do ano anterior) e por isso o prejuízo foi ter de estar mais de uma semana sem carro…

Mas, francamente! Em dois Primeiros de Maio seguidos, ter sofrido acidentes com o mesmo automóvel, mesmo sem sair de casa… A história das bruxas, hein?

Os outros Primeiros de Maio

Têm sido feriados simpáticos. E também desanimadores quando se pensa no de 1974. Talvez por só muito tarde me ter apercebido do que o 1º de Maio significa para quem trabalha nunca foi um daqueles feriados a que atribuo um valor simbólico grande.

O deste ano

É um domingo – mau dia para um feriado… Mas é também o dia da Mãe. Para mim, o dia da Mãe era a 8 de Dezembro… Enfim, acertos de calendários!