Da entrevista:
Entrevistadora – Arrisca-se a ter cursos de ciências e tecnologias completamente vazios, porque as médias a matemática, nos exames nacionais, são de quatro valores…
Ministro – O que é absolutamente extraordinário é poder acreditar-se que é preferível transferir o insucesso escolar para a frente. É possível alguma vez acreditar que alguém que tenha nos exames nacionais três ou quatro valores em vinte possa com sucesso frequentar um curso de Engenharia? Não é um desperdício gigantesco de recursos para Portugal?
Entrevistadora – O curso de Engenharia pode é ficar sem alunos…
Ministro – Se ficar sem alunos um ano, talvez no ano seguinte faça um esforço maior para dar a mensagem aos estudantes do ensino secundário que é absolutamente indispensável estudarem. O que é absolutamente inacreditável é esta ideia, que se generalizou na sociedade portuguesa, que tudo era fácil. Não é fácil. É preciso estudar. É preciso estudar mais.
Esta não é uma posição elitista: é uma posição inteligente em defesa das instituições e dos próprios alunos. Todos sabemos que por detrás da aceitação de candidatos sem quaisquer bases para fazer um curso superior existe a necessidade de a instituição ter alunos; mas há limites. Como tenho defendido neste espaço, a relativa complacência em relação aos alunos que frequentam o ensino básico deve acabar quando se entra para o secundário. Fico pois satisfeito com a atitude de Mariano Gago e ainda mais contente por o CRUP manifestar concordância. Quanto ao CCISP, apenas uma pergunta: que espécie de credibilidade pretende para as escolas que representa ao pôr reticências a esta ideia?
In Diário Económico – dia 6 de Maio de 2005, p. 36
7 comentários:
Concordo completamente. Tem que haver um limite para o abaixamento da fasquia que se vem verificando. É preferível ter menos alunos num ano, mas deixar bem claro que há que ter conhecimentos mínimos para entrar em cada curso.
Não conheça as siglas que usaste :-(
Mas estou inteiramente de acordo com o Ministro... E já agora também se devia preocupar com a quantidade de engenharias que há. Se acabarem algumas não virá mal ao mundo!
E quem não é bom (ou pelo menos razoável) a matemática no secundário não vai conseguir fazer uma engenharia. Conheço tantos exemplos!
Não foi a fasquia que baixou foi o universo de captação que foi alrgado.
É uma medida elitista desistir de converter esses alunos de negativa em indivíduos qualificados e produtivos.
É uma medida elitista criar uma nova classe de excluídos.
É um absurdo desperdício limitar as entradas ao ensino superior.
não fiquei com a sensação de que o ministro esteja a ser elitista...pelo contrário..está sendo rigoroso...algo que está faltando em toda a "frente de combate" da sociedade portuguesa...não só na educação..
Saltapocinhas:
CRUP - Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas
CCISP - Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos
(O atraso na resposta foi devido a um fim de semana sem acesso à Internet... um suplício!)
Não me parece que seja uma medida elitista. Poderá ser um incentivo a que, quem tem capacidade,se esforcem um pouco mais para aprender o suficiente para chegar lá. Por outro lado, é um facto que não somos todos iguais. Há talentos diferentes. Nem toda a gente tem que ir para o ensino superior. Há necessidade de técnicos intermédios e até de outros. Pode-se e deve-se dar preparação a essas pessoas para exercerem uma profissão digna, sem necessidade de frequentarem o ensino superior.
Concordo com a
Parece que finalmente se começa a perceber que nem todos os alunos do secundário devem ir para o Ensino Superior.
Só é pena que os mesmos professores do superior que criticam os do secundário por prepararem mal os alunos se esqueçam de criticar as suas Universidades quando deixam entrar alunos com resultados negativos a disciplinas nucleares.
Relembro ainda que apesar de haver muitos maus resultados nos exames do secundário, há também muitos bons resultados.
Há é que reconhecer de uma vez por todas que só os que desenvolveram aprendizagens e competências adequadas devem seguir para o Superior. Sempre pensei que isto era óbvio...
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