Há dias em que acordamos e temos “na cabeça” qualquer memória que não se justifica mas que não nos deixa. Pode ser uma imagem, uma ideia… Creio que todos os que me lêem sabem a que me refiro.
Pois bem, hoje acordei com uma poesia “na cabeça”. Um poema muito curto de um poeta provavelmente pouco conhecido, com o qual privei quando era muito jovem e andava interessado na arte de dizer e em trabalhar na rádio. Onde isso já lá vai! O poeta, que além disso era pintor, escultor, caricaturista e ainda cozinhava muito bem nas horas vagas, chamava-se Júlio de Sousa, assinava-se Júlio, e tem poesias muito interessantes. A que me acompanhou nas primeiras horas de hoje, vou deixá-la aos meus leitores.
Ai daquelas pessoas muito ponderadas
Que fazem sempre tudo muito bem feitinho…
Daquelas pessoas que não bebem vinho senão às refeições
E chagam toda a vida sempre a horas aos encontros marcados.
Ai daquelas pessoas que vivem sem pecados,
E cuja vida não tem complicações…
Deus, quando foi da criação do mundo,
Dispôs as estrelas no céu, sem simetria,
E nunca fez um dia igual a outro dia…
Respondam-me as pessoas ponderadas:
Por que seria?
Por que seria que hoje acordei com esta poesia – e me recordei do Júlio e dos tempos em que o encontrava num pequeno grupo que gostava de poesia, de teatro e acreditava que era possível mudar o mundo através da arte? Tão longe esse tempo! Hoje a poesia não representa para mim o que representava e as minhas crenças em relação a mudar o mundo por vias culturais andam muito por baixo…
4 comentários:
Obrigado por partilhar o poema. Às vezes, os "baixos" de uns ajudam os "altos" dos outros, 8-). Fiquei com um sorriso nos lábios.
Não desanime assim, Professor! Eu ainda acredito que a via cultural também ajuda a mudar o mundo.
Um abraço,
Emília.
Xi, eu sou um bocadinho assim! Será grave? Adorei o poema!
Li...
Ando a ler... menos do que devia; nem sempre o que devia.
Mas li o peoma e pensei em mim, na minha Família, no Professor, e em muitas outras coisas que ficam sempre por dizer... e fazer.
Obrigado por este momento.
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