Pouco mais ou menos à mesma hora em que me escutam, está a iniciar-se em Bergen, na Noruega, a Conferência de Ministros responsáveis pela educação superior de 46 países da Europa que, na sequência do processo de Bolonha, já decidiram reestruturar os seus sistemas de ensino no sentido de criar condições para a existência de uma grande área europeia em que estudantes e professores possam construir uma grande comunidade do conhecimento, sem quaisquer barreiras.
A conferência durará dois dias e dela sairá mais um texto, a juntar aos de Paris, Bolonha, Praga e Berlim. Esse texto está já a ser preparado e será assinado amanhã pelos Ministros presentes.
Entretanto, a Conferência apreciará ainda o resultado de vários grupos de trabalho que estudaram quatro temas importantes: “os estudos visando o doutoramento e as sinergias entre a educação superior e a investigação”, “aprendizagem ao longo da vida”, “a garantia da qualidade e o reconhecimento numa perspectiva global” e “a autonomia e governo das instituições”.
A delegação portuguesa à conferência é chefiada pelo ministro Mariano Gago e é composta por seis elementos, entre os quais um estudante da academia de Lisboa. Note-se que em quase todas as delegações existe um aluno, podendo assim haver um intercâmbio interessante promovendo o conhecimento mútuo entre os estudantes dos diversos países.
Depois de uma certa letargia em relação ao desenvolvimento do processo em Portugal, o novo governo acelerou e parece estar a conseguir resultados. Acredito que depois de Bergen sejam tomadas as medidas que faltam para as escolas superiores poderem concretizar os estudos que existem mas que, para já, sem conhecimento de elementos essenciais, estão parados.
Num aspecto, porém, a nossa Universidade tem trabalhado bem: em experiências tendentes a promover novas metodologias de ensino-aprendizagem, centradas no aluno e não no professor, privilegiando o trabalho de projecto e a cooperação, enfatizando o papel que as tecnologias da informação podem assumir.
Essas experiências têm sido apoiadas pela Reitoria e em especial pelo Gabinete de Avaliação e Qualidade de Ensino, e as mais expressivas têm tido lugar nas Escolas de Engenharia e de Ciências da Saúde. Ainda na semana passada referi a ocorrência de uma workshop sobre metodologias de ensino que foi bem sucedida, e já se anuncia uma outra, para Junho, orientada por um professor holandês de grande prestígio, que tem estado entre nós por várias vezes, Peter Powell.
Sempre defendi que reside na mudança das metodologias, mais do que nos nomes dos graus e duração dos cursos, o que é importante e pode ser decisivo para a Universidade portuguesa como resultado de Bolonha. O estudante é, sempre, o agente da sua própria aprendizagem; quanto mais interiorizar essa verdade e mais meios lhe forem dados para se desenvolver como aprendiz (ou aprendente, como por vezes leio e oiço dizer), maiores defesas ganhará na sociedade competitiva que o espera na vida activa.
Continuaremos a falar de Bolonha sempre que se afigure importante. Por agora, até para a semana.
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