Não se percebeu muito bem aquela manifestação dos estudantes dos ensinos básico e secundário de quarta-feira passada. Segundo os jornais teriam sido uns mil – uma percentagem pequena da totalidade; e, além disso, a Confederação Nacional de Associações de Estudantes do Ensino Básico e Secundário demarcou-se da movimentação, sugerindo, no comunicado, que teriam havido motivações políticas, dada a vida útil do novo governo.
Se de facto assim foi, bem pode dizer-se que começam cedo…
Mas o que mais me impressiona é aquela insistência dos manifestantes em quererem uma disciplina de Educação Sexual! Ou seja, dito de outro modo, quererem “aulas” de Educação Sexual. Os colegas da Confederação criticam: seria melhor uma disciplina de Educação Cívica, onde esse e outros temas fossem abordados. Têm mais siso.
É isso. A ideia das disciplinas está tão enraizada que é difícil exterminá-la. E no entanto, há aprendizagens que são sem dúvida muito mais produtivas se desenquadradas do espartilho de uma disciplina, e a meu ver, a educação sexual constitui um bom exemplo.
Uma outra exigência dos jovens alunos é, imagine-se, que este governo ponha imediatamente em vigor a Lei de Bases que o governo de Durão Barroso deixou e o Presidente da República vetou. Perdoe-se-lhes a ingenuidade (talvez ignorem o veto ou nunca lhes tivesse sido explicado o que isso significa). De qualquer forma, esta maneira de os estudantes adolescentes porem as questões não deixa de me preocupar.
Eu não sou dos que pensam que os estudantes devem aceitar sem crítica o que os afecta. Mas ponho também muitas dúvidas sobre a bondade de muitas dessas críticas. Claro que muitas vezes não fazem mais do que fazer suas bandeiras de adultos que por uma ou outra razão estão contra o que se determina pelo Ministério da Educação, quando lhes convém. Neste caso da “exigência” da reposição da lei de bases da educação, a que na altura própria dediquei uma crónica nestes microfones, estava em causa uma mudança estrutural do sistema educativo de muito duvidoso interesse, restringindo o ensino básico a seis anos e regressando a um ensino secundário de outros seis. Disse na altura que não percebia por que razão se tinha de alterar um esquema que fazia sentido e permitia soluções adequadas, e que se iria criar uma enorme confusão (mais uma!) na rede escolar, já conformada com a situação actual.
Continuo a pensar que em educação devemos ser muito cautelosos em relação a grandes reformas. Deve haver um mínimo de estabilidade no sistema e introduzir as alterações que se considerem necessárias por pequenos passos, evitando regulamentar excessivamente, deixando margem de manobra às escolas para decidirem em função da sua realidade. Porque é na sua escola que os alunos devem participar, perguntar, discutir – não em grandes manifestações de rua…
Uma última palavra para a inauguração da Casa da Música no Porto. Um grande momento para o norte do país.
Até para a semana.
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