PLANOS
De há uns tempos para cá, muita gente clama por um plano para
o desconfinamento, o qual deve ser organizado pelo Governo. O Primeiro Ministro
disse ontem (26 de Fevereiro) que apresentaria esse plano no próximo dia 11 de
Março, pelo que resta esperarmos mais alguns dias.
Na primeira vez que tive de colaborar na elaboração de um
plano que não fosse trivial, como planear como passar o domingo, recebi de um colega
uma sensata prevenção: “Meu caro, os planos são para furar!” O que, traduzido
em linguagem não alegórica, significa que um plano não dá garantias de ser
executado como prevê, porque isso raramente – ou nunca – acontece. E isto não
tem mal nenhum, pelo contrário; ter um plano é excelente porque nos conserva
dentro dos limites que nos levem a atingir o objectivo, mas o como alcançar
esse objectivo pode requerer, de acordo com as circunstâncias de momento,
alterar a estratégia que esteve na base da sua construção.
Ora eu não creio que a esmagadora maioria dos que exigem o
plano de desconfinamento esteja consciente do que acabei de dizer. Uns, porque
não entendem; outros, porque entendem mas dá jeito, seja por que motivo for,
reclamar porque o plano não foi cumprido. Temos o exemplo recente do plano de
vacinação: existe, mas já teve de ser alterado: bastou que os prazos de entrega
das vacinas não fossem cumpridos…
Compreendo pois muito bem a razão de o Governo não ter pressa
em apresentar um plano. Porque quando o fizer, em 11 de Março, toda a gente vai
tomar conta das datas e ser implacável se elas tiverem de ser alteradas. A não
ser que não existam datas mas indicadores de situação – o que seria,
porventura, preferível. A ver vamos.
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