CARTAS ABERTAS…
Foram disponibilizadas hoje duas, na imprensa. Uma dirigida
ao Governo e ao Presidente da República (por esta ordem, pouco hierárquica), no
sentido de terminar gradativamente o confinamento das escolas, assinada por “um grupo de
cidadãos e cidadãs, pais, professores, epidemiologistas, psiquiatras, pediatras
e outros médicos, psicólogos, cientistas e profissionais de diferentes áreas”.
Outra, dirigida às televisões generalistas nacionais, “exige uma
informação que respeite princípios éticos, sobriedade e contenção”, criticando
os critérios jornalísticos que têm sido usados nas notícias sobre a pandemia. Assinam
quarenta e duas personalidades, mais ou menos conhecidas, de diferentes
sectores da sociedade.
Uma carta aberta revela sempre alguma coragem, maior ou menor
consoante o seu conteúdo. Podem ser mais ou menos justificáveis. Em relação às
hoje divulgadas, pergunto-me o que podem esperar os seus autores como resultado
da acção empreendida.
Vejamos: tendo em conta tudo o que aconteceu na evolução da
pandemia, vale a pena um grupo de cidadãos pressionar o poder político para
tomar uma decisão que é crucial seja a correcta, para não “andarmos para trás”?
Não houve cartas abertas para a abertura no Natal, mas houve uma concordância evidente
de quase toda a gente: correu mal. Muito mal. E depois culpou-se o governo! E
agora? Se se aceitassem as propostas dos proponentes da carta aberta e voltasse
a correr mal, assumiriam eles as culpas? Num momento tão delicado não faz
sentido haver pressões, venham de onde vierem: quem tem de decidir que decida com
a convicção que tiver formado.
Quanto à segunda carta aberta, subscrevê-la-ia na íntegra: ela
expressa o que estou certo muitos pensam, que tem havido um exagero no modo e
no tom da informação e alguma distorção quando se interpretam os factos. Mas não
espero consequências…
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