Olho a praia de longe. É verdade: hoje, não tenho gosto pela praia. Aborrece-me a areia a pegar-se ao corpo suado, não gosto de estar ao sol (aliás, não me faz grande bem, porque fico cor de lagosta cozida num instante).
Contudo, nem sempre foi assim. Quer como criança, quer como adolescente e mesmo adulto jovem, um dos meus prazeres era na praia fazer caminhadas à beira mar, ver se descobria pedras ou conchas que se distinguissem das que habitualmente se encontravam, e até a hora do banho era alegre. Hoje, banho só em piscina, e mesmo esse já me agradou mais.
Procuro perceber quando comecei a afastar-me da praia. Curiosamente, creio que foi quando mais perto estive dela, ou seja, nos anos em que vivi em Faro. De facto, apesar de não ser turista no Algarve – ou precisamente por isso… – não fui assíduo frequentador das belas praias algarvias, ainda que lhes reconheça uma qualidade sem paralelo. E contudo, ia muitas vezes à Ilha, porque era bom almoçar ou jantar contemplando Faro ao longe, com aquela luminosidade que só o Algarve possui.
Perdido esse prazer, reforcei o de contemplar o mar, de não me cansar com o vai e vem das ondas… E se o mar tem estado bonito, tocado pelo vento! E à noite, adormeço com o fragor ritmado das ondas a morrer nas rochas.
2005.08.24
1 comentário:
Eu bem disse que tinhas vindo com "os olhos cheios", e agora, ao que parece a alma tambem.
Eta melancolia.
Ás vezes custa, mas sabe muito bem.
Não são precisas fotografias nem o digital para comparar, a retina é muito mais fiável.
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