Para um professor, Agosto é sempre o verdadeiro mês de férias. Mesmo quando, no passado distante que os mais novos não conheceram, Setembro era também um mês no qual a maioria dos professores não tinha de estar nas escolas, sentia-se o regresso próximo, e creio que para muitos era um alívio pensar que as férias iam terminar, que voltar à escola iria proporcionar o reencontro com colegas e alunos, ou, quantas vezes, se ia conhecer um outro ambiente, outros colegas e outros alunos.
Eu estou a falar em geral; não escrevi na primeira pessoa porque presumo que o possa fazer sem ferir a verdade. Enquanto fui professor do ensino secundário os meus Agostos tinham o sabor de apreciar uma certa liberdade depois de um ano sempre muito espartilhado – preparar aulas e concretizá-las, se se quisesse trabalhar bem, era um trabalho exigente quando se tinha 22 a 24 horas semanais, com por vezes centenas de alunos (no meu 1º ano de ensino, tinha 300 e poucos). Escrevi no passado mas isto é verdade ainda no presente…
Depois, quando no Ministério da Educação, o meu conceito de férias alterou-se, mas Agosto continuou mesmo assim a ser o mês mais natural para alguns dias de descanso. Nunca mais tive a mesma sensação de fecho de um ciclo, porque em rigor os poucos dias que retirava ao trabalho normal eram apenas uma interrupção. Não mais tive um mês de férias completo, nem no Ministério, nem nos tempos que se lhe seguiram – em Faro, a ajudar a instalação da Escola Superior de Educação, em Braga, na Universidade do Minho, até aos dias de hoje.
Por duas vezes fui apanhado em Agosto como estudante: em Reading, no Reino Unido, em 1978, num curso de língua inglesa; em Iowa, nos Estados Unidos, de 1989 a 1991. Em todos eles a trabalhar, portanto, embora no último ano nos States tivesse aproveitado uma semana de Agosto, após o semestre de verão, para fazer com minha Mulher uma linda viagem pelos estados do Wisconsin, Michigan e Minnesota que não durou mais do que uma semana.
Neste Agosto de 2005, pouco mudou em relação aos últimos anos. Diminui muito o número de horas no meu gabinete da UM (está tudo relativamente calmo, o campus não tem praticamente alunos), e dentro de dias vou de facto “de férias”. Amanhã ainda publicarei um post evocativo, e depois, provavelmente só em Setembro regressarei.
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