Os meus carrinhos
Independentemente disso, há na minha vida um 14 de Agosto muito importante. O de 1961 – faz hoje precisamente 44 anos. Foi o dia em que comprei o meu primeiro automóvel – um Volkswagen castanho claro, matrícula GD-69-39.
Desde garoto que tinha um verdadeiro fascínio por automóveis. Teria cinco ou seis anos quando por um Natal tive como presente dois carrinhos de corda que fizeram as minhas delícias (os que estão na figura): eram alemães, marca Schucco, e o vermelho tinha buzina e o verde tinha mudanças de velocidade! Apesar de muito maltratados pelos anos e pelas mudanças que sofreram ao longo da vida (têm hoje mais de sessenta anos…) ainda os conservo, como se vê.
Claro que o meu sonho era aprender a conduzir e ter um carro. Mas nos anos 50 isso não estava ao alcance de quem não tinha grandes posses. Quando estudei na Faculdade de Letras, que me lembre, apenas três colegas tinham carro próprio (como os tempos mudaram!).
Esse meu desejo de aprender a conduzir e ter um carro só pôde concretizar-se depois de um ano em que estive colocado no Liceu da Horta (Faial) – aliás, já me referi a essa estadia e ao facto de ter obtido a carta nessa bonita cidade açoriana. Levando uma vida simples, poupando “tostões”, no regresso a Lisboa, no princípio de Agosto de 1961, comecei a considerar a hipótese de compra do veículo. Como aprendera a conduzir num Volkswagen, não me foi difícil decidir-me por essa marca. E depois de uma ou duas visitas a stands, decidi-me pela Auto-Monumental do Areeiro, onde entrei na posse do meu primeiro automóvel. Era, claro, uma segunda mão e o preço de custo foi 39 000$00 (ou seja, mais ou menos 195 euros…). Como não tinha dinheiro para pagar a pronto, fiquei a ter de pagar, em 24 prestações, o que faltava. Não tenho a certeza, mas penso que o valor de cada prestação era 730$00.
A esta distância, poderei interrogar-me sobre a decisão de converter num automóvel a poupança de um ano, sobretudo quando estava num princípio de vida. Mas penso que fiz bem. Sempre pensei que era importante converter sonhos em realidade, e de facto a posse e usufruição de um automóvel era um sonho que levou anos a concretizar. Por isso, a cada 14 de Agosto lembro o de 1961…
Até Setembro. Que os meus leitores tenham as melhores férias possíveis.
O 14 de Agosto é uma data de que me apropriei desde a escola primária, quando aprendi, e nunca mais esqueci, que nesse em dia, em 1385, os portugueses haviam batido os castelhanos na batalha de Aljubarrota. Por mais que hoje as relações luso-espanholas sejam pacíficas, a memória de Aljubarrota conforta sempre o meu forte sentimento nacional.
Independentemente disso, há na minha vida um 14 de Agosto muito importante. O de 1961 – faz hoje precisamente 44 anos. Foi o dia em que comprei o meu primeiro automóvel – um Volkswagen castanho claro, matrícula GD-69-39.
Desde garoto que tinha um verdadeiro fascínio por automóveis. Teria cinco ou seis anos quando por um Natal tive como presente dois carrinhos de corda que fizeram as minhas delícias (os que estão na figura): eram alemães, marca Schucco, e o vermelho tinha buzina e o verde tinha mudanças de velocidade! Apesar de muito maltratados pelos anos e pelas mudanças que sofreram ao longo da vida (têm hoje mais de sessenta anos…) ainda os conservo, como se vê.
Claro que o meu sonho era aprender a conduzir e ter um carro. Mas nos anos 50 isso não estava ao alcance de quem não tinha grandes posses. Quando estudei na Faculdade de Letras, que me lembre, apenas três colegas tinham carro próprio (como os tempos mudaram!).
Esse meu desejo de aprender a conduzir e ter um carro só pôde concretizar-se depois de um ano em que estive colocado no Liceu da Horta (Faial) – aliás, já me referi a essa estadia e ao facto de ter obtido a carta nessa bonita cidade açoriana. Levando uma vida simples, poupando “tostões”, no regresso a Lisboa, no princípio de Agosto de 1961, comecei a considerar a hipótese de compra do veículo. Como aprendera a conduzir num Volkswagen, não me foi difícil decidir-me por essa marca. E depois de uma ou duas visitas a stands, decidi-me pela Auto-Monumental do Areeiro, onde entrei na posse do meu primeiro automóvel. Era, claro, uma segunda mão e o preço de custo foi 39 000$00 (ou seja, mais ou menos 195 euros…). Como não tinha dinheiro para pagar a pronto, fiquei a ter de pagar, em 24 prestações, o que faltava. Não tenho a certeza, mas penso que o valor de cada prestação era 730$00.
A esta distância, poderei interrogar-me sobre a decisão de converter num automóvel a poupança de um ano, sobretudo quando estava num princípio de vida. Mas penso que fiz bem. Sempre pensei que era importante converter sonhos em realidade, e de facto a posse e usufruição de um automóvel era um sonho que levou anos a concretizar. Por isso, a cada 14 de Agosto lembro o de 1961…
Até Setembro. Que os meus leitores tenham as melhores férias possíveis.
6 comentários:
BOAS FÉRIAS!!
Espero que agora tenhas um carrito melhor para não ficares a pé!! Mas juntar dinheiro a muito custo para concretizar um sonho é cada vez menos comum, infelizmente! Talvez por lhes ter "caido do ceu" muita gente dá tão pouco valor àquilo que tem e nunca está satisfeito! Beijinhos, até Setembro!
Como sabe, acho o seu blog imperdível. Um dos grandes atractivos que lhe encontro é esta capacidade de recordar episódios pessoais, com uma espessura tal que os textos se tornam recortes de uma época, trespassada a realidade descrita pela profunda humanidade do olhar.
Quantos de nós, que já temos "um pouco mais" de trinta anos, aprendemos a lutar, duramente, por um sonho e a valorizar a vitória conseguida como uma das nossas mais gratas recordações? Talvez seja isso que falta aos nossos filhos.
Gostei, muito, de o ler.Boas férias.
Boas férias Varela!.
Não te esqueças de voltar.
Umas boas férias, caro CVF.
este texto é delicioso...parabéns e boas férias
Eu também tive brinquedos de corda, que quase já não se encontram. Não era preciso comprar pilhas! Por acaso comprei esta semana uma boneca encantadora que abana a cabeça enquanto se ouve o "lago dos cisnes". Para a minha sobrinha que não sei se irá apreciar... mas sabe bem recordar estas coisas. Eu tinha uma curiosidade incrível. E queria descobrir como funcionavam os bonecos de corda. Abri alguns! Resultado: a corda saltava e nunca mais funcionaram. Não chegaram aos dias de hoje como estes carrinhos.
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