2005/07/19

Um artigo que pode ajudar…


O Professor Valadares Tavares, que já teve responsabilidades no Ministério da Educação e tem tido intervenções lúcidas nessa área, publica hoje um artigo no Público, infelizmente não disponível on-line, intitulado “Melhor Ensino da Matemática”. Em época de mais uma vez se carpirem mágoas por sermos tão mauzinhos a trabalhar com números, a disparando em todas as direcções para matar os culpados – professores, alunos, pais, manuais, Ministério, etc. – Valadares Tavares vem dizer simplesmente que, de acordo com um estudo levado a efeito pela SEDES em 20 escolas que mais melhoraram as médias em matemática de um para o outro ano, pôde concluir-se que tal foi possível pelas seguintes razões (aqui, transcrevo):

“ a) Projecto de escola e vontade colectiva de melhorar e ir mais longe, contagiando professores e alunos em clima de dedicação e exigência;b) estabilidade do corpo docente (mas não necessariamente pequeno número de alunos por turma);c) trabalho em equipa dos professores de Matemática, envolvendo outras áreas como a da Física;d) Acessibilidade e proximidade dos professores em relação a cada aluno, evitando o modelo do professor que apenas surge como uma "aparição" sempre que há aula;e) Aulas complementares e tempos de apoio;f) Envolvimento dos alunos no clima de desafio (e, por vezes, de competição entre turmas) para atingir melhores resultados;g) Melhor utilização dos instrumentos de informática”.

Tão simples. E, nas suas linhas gerais, tão verdadeiro para todo o currículo escolar. Quando as escolas querem, como um todo, cumprir o papel para que foram criadas, conseguem. Na Matemática e no resto.

A terminar, duas notas cautelares: a primeira, a estabilidade dos professores não está, ainda, na mão das escolas; a segunda, para quem sabe que advogo a aprendizagem cooperativa, ela não é incompatível com uma competitividade moderada. Para que não se diga que me contradigo…

2 comentários:

saltapocinhas disse...

Geralmente no 1.º ciclo só tem dificuldades a matemática uma criança que tenha também problemas noutras áreas. Uma criança "normal" (eu não queria usar esta palavra, mas não me ocorre outra melhor) gosta de matemática. A matemática permite jogos, permite brincadeiras, permite actividades de que as crianças realmente gostam. E isso é meio caminho andado para uma boa aprendizagem. Todos os meus alunos que não têm problemas de aprendizagem são bons a matemática e gostam de matemática. Os problemas começam no 2.º ciclo. Eu acho que uma parte da culpa é haver tantos compartimentos, tantas disciplinas, tanta desconexão entre as aulas de uns e de outros. A matemática pode ligar-se ao desenho, aos trabalhos manuais, ao português, a educação física... no 1º ciclo isso é tudo fácil de fazer, depois complica-se (e esse é o principal motivo por que eu sou a favor da monodocência: mudo de actividade sem esperar horários ou que chegue outro professor...

Cândido M. Varela de Freitas disse...

Tens toda a razão (pelo menos para mim). Sempre pensei que até ao final do 6º ano o número de professores deveria ser reduzido, e essa era uma das ideias que estavam no ar pelos anos 80, quando o projecto das ESEs estava a ser lançado. Mas nada se alterou, apesar da formzção conjunta 1º/2º ciclo.