2005/07/20

Há cinquenta anos – a morte de Calouste Gulbenkian


É evidente que não me recordaria da data não fora a reportagem da Pública, no domingo passado. Mas o alerta levou a minha memória a flutuar até esse longínquo ano de 1955. Recordo-me. Era o fim do meu 1º ano de aluno da Faculdade de Letras de Lisboa, e acabara de sair de uma das minhas originalidades em termos de saúde: com 19 anos, tivera um ataque de varicela que me levou a uma quarentena forçada, tanto mais que vivia na mesma casa uma sobrinha pequenina que não devia ser contagiada…Mas isso fora em Junho, bem me lembro, e em Julho estava recuperado.
Francamente, não me recordo em que momento soube da morte de Gulbenkian e dos termos do testamento. Mas recordo, muito bem, onde o tema foi discutido com colegas com os quais convivia na altura. Tinham estado comigo no Liceu D. João de Castro e estudavam Direito. E foi precisamente numa ocasião em que fora ao Campo de Santana – ou dos Mártires da Pátria – (onde se localizava a Faculdade, mesmo ao pé do Patriarcado) que o tema da morte de Gulbenkian e sobretudo do seu testamento mereceu honras de uma conversa longa. Nenhum de nós antecipou naquele momento o que viria a ser a Fundação e os benefícios que ela iria trazer para Portugal. Era apenas a morte de um homem muito rico, que vivia num lindíssimo hotel de Lisboa, o Aviz, ali perto do Saldanha, local onde passava frequentemente mas onde obviamente nunca entrara...
Procurando na Net qualquer vestígio desse hotel, encontrei-o aqui e achei curioso divulgá-lo . De Calouste Gulbenkian, existe hoje, para além da memória, a Fundação que o seu legado permitiu sediar no país onde viveu os últimos tempos e que foi, durante muitos anos, o oásis para a arte, a ciência, enfim, em termos gerais a cultura, neste país cheio de deficits nessas áreas. E que, curiosamente, foi alvo, há dias, de uma certa interrogação sobre a sua gestão, ao encerrar as actividades do Ballet que tinha o seu nome e existia há quarenta anos…

4 comentários:

saltapocinhas disse...

E o que pensas do fim do ballet?

saltapocinhas disse...

Obrigada PJ! PJ??

Cândido M. Varela de Freitas disse...

Agradeço ao PJ o endereço, que me levou ao comentário, que gosrei de ler. Eu fui cuidadoso ao referir o episódio, porque na verdade não tinha toda a informação, embora desconfiasse que por detrás estaria e enorme despesa em sustentar a companhia. Casualmente, passei ontem à noite pela 2 quando Rui Vilar era entrevistado e ele aludiu a isso mesmo. Tenho pena que tivesse sido extinto, claro, mas certamente não foi um acto gratuito. Infelizmente, até a FCG não pode deixar de fazer contas...

saltapocinhas disse...

Mas também são as iniciais... da PJ! ;-)