O governo – pela voz do Primeiro-ministro e da Ministra da Educação – deu as primeiras informações sobre medidas relacionadas com a educação. Vi ontem, na televisão, li hoje, nos jornais.
Logicamente estou muito interessado nelas. Mesmo relativizando as coisas, o sector da educação tem de estar entre as cinco primeiras preocupações do novo governo, e dele se esperam medidas sensatas, exequíveis, tanto quanto possível consensuais e que sejam pedagogicamente sólidas. Esta será a faceta mais complicada, porque não há apenas “uma” pedagogia, e assim o conceito de solidez fica prejudicado.
A visita ministerial ter-se-á devido ao facto de a Escola visitada, a EB 2,3 Matilde Rosa Araújo, em S. Domingos de Rana, ter encontrado um meio para evitar que alunos que não tenham aulas programadas no horário ou quando um professor falte fiquem livres, desocupados, o que constitui, como se sabe, um dos problemas indutores de indisciplina. E o Engº Sócrates informou que quer que o mesmo se passe em todas as escolas. Foi pena que falasse em “aulas de substituição”, mas o Engº Sócrates não é de educação e por isso perdoa-se-lhe o possível efeito negativo que essas palavras possam ter entre professores. Eu acho muito bem que a tutela veicule essa ideia, mas as Escolas têm de ser autónomas e decidir como a querem concretizar. E aulas de substituição, só em casos claramente evidentes de que elas sejam sustentáveis. A Ministra, depois, clarificou um pouco, usando outros termos, o que me agradou. (E está certo, o Primeiro-Ministro não pode ser competente em todas as áreas, deve, sim, ter pessoas competentes em todas elas).
Entretanto, foi também levantado o problema dos exames do 9º ano, que hoje é noticiado em jornais (leia neste, porque o Público passou à história…)
O Governo fez bem em manter a decisão do executivo anterior, fez bem em pensar em minimizar eventuais más consequências que os exames pudessem ter em casos concretos, e, a meu ver, fez bem em dizer que a solução encontrada vai ser avaliada. Apesar de existirem já vozes discordantes (como a de Vital Moreira no Causa Nossa) este é um dos pontos de crítica importância. Já neste blog me pronunciei sobre exames e, sem pôr de parte a hipótese da sua existência, tenho muitas reservas em subscrever o modelo que no tempo do Ministro David Justino foi apresentado. Claro que exames no 9º ano é uma coisa, no 4º é outra; mas mesmo assim ter cautelas parece-me de bom senso.
O que é necessário é que se tomem as medidas correctas alicerçadas em boa teoria e os resultados possíveis da investigação que sobre o assunto tem sido feita. Não seria mau que, em relação aos exames que vão agora realizar-se, se equacionasse a realização de um projecto de investigação que procurasse, pelo menos, correlacionar os resultados obtidos em exame com os resultados das avaliações ao longo do ano.
2 comentários:
A sensação que eu tenho, que sinto como bem mais do que uma sensação, é que a decisão de acabar com os exames no 9.º ano já está tomada.
Sem qualquer projecto de investigação e sem avaliação.
É o método mais usado pelo Ministério da Educação, seja do PSD seja do PS.
Basta ver o tom das declarações de ontem.
Olá! ainda não tinha lido o teu post. Ontem o meu computador "passou-se" e não li nada... E ainda tenho trabalho atrasado do 2.º período, por isso o tempo escasseia!
Eu ontem falei dos furos a brincar, hoje ou amanhã falarei a sério. Mas não concordo que haja horários com furos. Eu só me referia a furos inesperados, por falta do professor. E esses sim, são muito bem vindos, sabem muito bem e fazem muito bem. Como em todas as coisas, desde que não sejam em exagero!
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