A atribuição da verba de
quatrocentos milhões de euros inscrita na proposta de orçamento suplementar
para este ano, com a finalidade de “dotar as escolas, os docentes e os alunos para o desenvolvimento de competências digitais no trabalho
escolar”, tem gerado comentários acerbos, que me espantam por alguns deles
provirem de pessoas inteligentes.
Como é possível protestar por um governo querer modernizar as
escolas, dotando-as de equipamentos que permitam uma utilização eficiente da
tecnologia digital, assegurando banda larga em todo o país? Seja ou não
necessário, por causa da pandemia, prolongar para o próximo ano lectivo o
ensino a distância, dar às escolas (e por extensão, a alunos e professores) a
possibilidade de usar a Internet sem constantes problemas de acesso e seja qual
for o ponto do país em que estejam situadas, é uma decisão errada?
A maior parte das críticas à solução de recurso tomada em Março,
com o fecho das escolas e o começo de ensino a distância, apontava que essa
solução esquecia que havia uma franja de alunos (e escolas) que não tinha
acesso a computadores e a banda larga, o que era verdade. Então? Quando se tenta
ultrapassar esse constrangimento, isso é errado?
Sensatez: eis o que é preciso neste momento. Eu não sei, ninguém
sabe, qual vai ser a sequência destes tempos do Covid-19. No que se refere à
educação penso que são possíveis grandes mudanças, não propriamente no sentido
de destruir a escola mas de a repensar à luz do que aconteceu e dos resultados
obtidos. Ninguém pensa que os professores são descartáveis ou que é preferível o
ensino a distância ao ensino presencial. Mas a escola tal como a conhecemos já
começou a mudar, até entre nós… Essa mudança passa necessariamente pelo
digital. Não creio que possamos ignorar por muito mais tempo essa realidade.
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