Ontem, pelas 10 e
20 da manhã, tomei um táxi perto da minha casa para ir para o Palácio Ceia, sede
da Universidade Aberta, onde ia decorrer a posse do meu Amigo, o Reitor Paulo
Dias. (Não é esse o tema deste post,
mas não posso deixar de dizer que o Paulo Dias foi meu parceiro em muitas iniciativas
nos últimos anos da minha vida académica no Minho, entre as quais o Centro de
Competência Nónio Século XXI, e sobretudo as conferências Challenges, com início
em 1999 e que ainda hoje se mantêm, com periodicidade bi-anual).
Mas vamos ao
ponto que quero desenvolver. O taxista tinha o rádio sintonizado na TSF e
entrei a tempo de ouvir qual o tema do fórum: “Estabilidade na Educação: os partidos devem assumir um compromisso de
médio prazo?” Segundo o apresentador, o Manuel Acácio, esta pergunta estava no site da estação e até essa altura havia
100% de respostas “sim” e, obviamente, 0% de respostas “não”. Ainda tive tempo
de ouvir o ex-ministro David Justino, actual Presidente do Conselho Nacional de
Educação, expor o que o referido Conselho tem definido sobre exames e provas de
aferição.
Parece que o resultado final da
questão colocada no site foi 96%-4%,
o que revela que uma grande maioria apoia a estabilidade. Não posso estar mais
de acordo, mas reconheço dificuldades, sobretudo desde que se rompeu uma ideia
básica que, creio poder dizê-lo sem errar, era comum à maior parte dos
responsáveis pela educação, em diferentes sectores, e que era transversal mesmo
em relação a partidos políticos. Essa ideia básica privilegiava a educação,
sem menorizar a instrução (já mencionei este aspecto em anterior post). Se atentarmos bem, a política
seguida pelo ministério Crato era o inverso: a instrução sobrepunha-se à educação.
No final do século XX o Ministro Marçal Grilo propôs um pacto educativo, salvo
erro em 1996. Era um documento muito sólido e nada complexo, mas como o PS não
tinha maioria, os outros partidos não responderam como se desejava, e a ideia
perdeu-se. Foi pena, porque na altura não havia o tipo de divergências que hoje
existem.
Por isso, o grande problema
para que seja possível um amplo consenso é definir de uma maneira cabal que
educação queremos neste país. Ter em atenção a célebre afirmação de Montaigne e
decidir sobre ela: “Mieux vaut une tête bien faite qu'une tête bien pleine”. Interrogar-se se
depois da Internet e das redes sociais a escola pode ficar como era. Discutir
se a verdadeira aprendizagem não deveria ser o aprender a aprender. Questionar
se querer que a escola proporcione bem-estar aos seus alunos é incompatível com
a aprendizagem.
E muito mais, que a inteligência de cada um poderá elencar.
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