2005/10/31

Memórias recentes de uma viagem (1)


Retomando (espero) uma maior assiduidade, aqui ficam alguns flashes da minha viagem a Orlando para a memória recente…

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Aeroporto de Schipoll, Amesterdão. Chego razoavelmente folgado em tempo para apanhar a ligação para Detroit, mas decido ir para a porta de embarque. À entrada, travo diálogo com uma funcionária da KLM, antes de me decidir entrar. Em inglês, claro. Quando me pede o cartão de embarque, exclama: “Freitas! Ora então é português!” É sempre agradável encontrar um compatriota. Bom, na sua tarefa de procurar evitar ataques terroristas, decidiu fazer-me (certamente) as mesmas perguntas que lhe dizem dever fazer a quem quer que seja, o que é justo. Mas não pude deixar de ficar espantado com este diálogo: “Sr. Freitas, foi o senhor que arrumou a sua bagagem?” “Eu arrumei a pasta, a mala foi a minha Mulher que a fez” “Sozinha?” “Bom, às vezes dei palpites…” “Quer dizer que não esteve junto dela todo o tempo que arrumou a mala?” Nesse momento devo ter feito uma cara feia e perdi um pouco o tom amigável. “Que pergunta! Teria de estar?” Não obtive resposta – felizmente… Independentemente de tudo mais, qual a utilidade dessas perguntas?

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Uma pessoa esquece pormenores. Por isso a primeira reacção foi de espanto, mas nem cheguei a fazer a pergunta… Quando no aeroporto de Detroit comprei uma escova de dentes (lembrei-me que me tinha esquecido de a trazer) tinha visto o preço ($1.69) e por isso, por um momento, fiquei perplexo quando no quadro da registadora apareceu $1.79. Mas lembrei-me logo a seguir: a “sales tax”! ou seja, o imposto estadual sobre as vendas, que é sempre adicionado aos preços marcados e varia de Estado para Estado. Aqui, como se vê, é 6%. Mas lembro-me que há dois anos, na Califórnia, era mais de 10%!

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Sempre me impressionou, nos Estados Unidos, o número de pessoas gordas com quem cruzamos em toda a parte. Não só gordas, nem muito gordas, mas sim GORDÍSSIMAS! Em Iowa, quando durante algum tempo viajava de autocarro para a Universidade, havia uma rapariga tão gorda que quando entrava no autocarro ele dava de si, e baloiçava visivelmente. Volto a vê-las neste regresso. É que não é uma por acaso; então, nos aeroportos, em que passam continuamente pessoas, de vez em quando aí está um obeso. Fruto sem dúvida de uma alimentação desequilibrada – mas não pode ser só isso.

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Como no ano passado não entrei nos Estados Unidos, ainda não tinha passado por aquela experiência um pouco desagradável de ter de deixar as impressões digitais e ser fotografado quando se passa pela emigração… Devo dizer que o serviço foi rápido e até simpático por parte do atendedor, mas mesmo assim senti-me quase como se fosse presidiário… Já a mesma simpatia não a demonstrou um polícia que, quando telefonava para a minha Mulher a dizer que chegara a Detroit, me disse desabridamente para desligar porque não podia fazer telefonemas (estava na zona de recolhe de bagagens!). Nem tive tempo de manifestar espanto, porque mal desliguei, ele voltou-me as costas. E o melhor, nestes casos, é não querer entender…

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