2009/04/06

De uma viagem a Roma...


Confesso que tenho admiração pelo Primeiro Ministro José Sócrates. Ela começou quando ele estava no Ministério do Ambiente, pois apreciei a sua coerência e determinação quando do problema da co-incineração. Tal admiração não me inibe contudo de não concordar com todas as suas ideias e decisões, mas mesmo assim creio que desempenhou um papel muito importante num momento muito delicado para o país. Depois, teve pouca sorte, ampliada pela muito nossa mania de sermos sempre mais do "contra" do que do "pró".

Bom, a que vem esta prosa? É bom nunca perder algum sentido de humor... Estive em Roma neste fim de semana e ao descer a Via Nazionale deparei com o que podem ver na figura que ilustra este post. E pensei que se as coisas não correrem bem ao nosso Primeiro Ministro, ele, que até já foi considerado elegante no trajar, poderia associar-se ao camiseiro que tem o seu nome em Roma...

Sinceramente, não o desejo, mas se as "serpentes" de cá forem demasiado venenosas, talvez a mudança para a Via dei serpenti romana seja uma boa opção!

2009/04/01

O caso Névoa

Vivi tempo suficiente em Braga (14 anos...) para ter ouvido inúmeras insinuações sobre Domingos Névoa, todas elas, claro, desabonatórias em relação à sua maneira de estar na vida. Sempre insinuações, ou, se quisermos, boatos. Sendo boatos, como boatos os entendi e a pessoa de Domingos Névoa merecia-me o respeito que confiro a todas as pessoas.
Acontece que, como todos sabem, Domingos Névoa foi a tribunal num processo de tentativa de corrupção a um vereador da Câmara Municipal de Lisboa (José Sá Fernandes) e foi provado que essa tentativa existiu e por ela ele foi condenado (a uma pena que me pareceu irrisória, verdade seja, mas como se costumam dizer, "é a justiça que temos"). Claro que a minha posição mudou.
Soube-se agora que o mesmo senhor foi nomeado para o Conselho de Administração da Braval, uma empresa multimunicipal do distrito de Braga. Sinceramente, por esta eu não esperaria! Enquanto Sá Fernandes diz que isto é um insulto, eu diria que é uma provocação. Por mais méritos de administrador que Domingos Névoa tenha (parece que disso se vangloria) há uma coisa que para mim já não é boato: tentou corromper e por isso foi punido, ainda que brandamente.
Que mais nos estará reservado?

2009/03/31

Jornalistas…


Recordo-me de ler jornais desde criança. Mal soube ler, tenho quase a certeza que não deixava de dar uma “vista de olhos” a O Século, que era o jornal que o meu Pai comprava diariamente. No Seixal, onde então morava, ele era levado a casa pelo “homem dos jornais”, como me lembro se dizia na altura. Depois de o meu Pai ler, antes de sair para o escritório, O Século era só para mim.

Ao longo da minha vida, ler o jornal, logo pela manhã se possível, era imperioso. Foi um pouco a oração matinal de que falou Hegel. Continuo a fazê-lo, hoje, mas mais diversificadamente: as primeiras notícias vêm pela Internet, só mais tarde tenho um jornal a sério, em papel, que vou comprar à tabacaria que fica, agora, a cem metros da casa onde moro.

Continuo a fazê-lo, mas com muita desilusão, que aliás desde há muito venho sentindo em relação não só aos jornais mas a toda a comunicação social. Por muito respeito que queira ter pela profissão de jornalista – e de alguns jornalistas o merecerem por inteiro – não consigo evitar um profundo desencanto com a maneira como se elaboram títulos e escrevem notícias, para além, claro, da própria notícia. Eu bem conheço a desculpa estafada do homem que morde no cão, mas penso que se ultrapassaram todos os limites no que toca à isenção e objectividade do que se escreve (ou diz, no caso da rádio, da televisão).

O que se escreve – nos jornais, claro, porque fora deles (por exemplo em blogs) o problema se põe de modo diferente – deve ter como objectivo esclarecer a opinião pública e não deformá-la. Por isso a objectividade é, para mim, a pedra de toque essencial em qualquer peça jornalística. E ela não passa por apenas se usarem alguns adjectivos “brancos” (como o “alegado” qualquer coisa). Eu sei que a objectividade pode ser considerada uma espécie de mito, porque no fundo todos nós vemos o mundo de acordo com a cor dos nossos óculos; mas os jornalistas devem tentar usar lentes limpas, translúcidas… e nestes tempos que correm, há muita sujidade nos óculos de muitos jornalistas!

2009/03/30

Talvez valha a pena

Confesso que o meu optimismo tem andado abalado e isso terá contribuído para o meu afastamento de um blog que me entusiasmou, de início, e me proporcionou momentos agradáveis com a meia dúzia de "correspondentes" que me visitavam. A mudança de vida levou-me a perguntar se valeria a pena manter o blog, e de há muitos meses até agora nada restaurou a minha primitiva vontade de escrever e dialogar.

Ontem, porém, aconteceu um facto que me fez pensar.

Há uns quatro anos (em rigor, em 2005-2006) mantive, com os meus alunos de mestrado na Universidade do Minho, um blog de apoio às aulas de Currículo e Cultura (pode ver-se aqui). Foi uma experiência muito interessante, com um bom nível de participação não só em quantidade como em qualidade. Nunca desactivei o blog, e de então para cá houve ex-alunos que ocasionalmente (muito ocasionalmente) publicaram posts: pelo Natal, por exemplo. Eu nunca mais lá voltei. Até ontem.

A meio da tarde, caiu-me na caixa de correio um comentário a um post desse blog publicado em Novembro de 2005. Há quase quatro anos, pois! Era de uma Mãe, que conservou o anonimato, que nos felicitava por termos tratado, nesse post, do problema das crianças indigo (um tema que um aluno levara para a aula e suscitara muito interesse), relacionando-o com problemas que o filho estava a ter na escola.

Fiquei estupefacto por haver ainda leitores de um blog tão específico e fui "espreitar". Através do "site meter" verifiquei que o blog continua, diariamente, a ter leitores que estão espalhados pelo mundo (os números do Brasil são verdadeiramente impressionantes). No total, registaram-se mais de 37,000 visitas!

Fiz o que devia - avisei os meus ex-alunos por e-mail e coloquei um post, respondi à Mãe - e fiquei a pensar se afinal de contas, não estava a ser pouco sério na minha atitude de fuga. Talvez valha a pena, apesar de tudo, não me calar. Talvez valha a pena recuperar o optimismo. Talvez valha a pena... recuperar a minha memória flutuante... Para já, reinstalei o "site meter", que não sei porque razão tinha desaparecido. Talvez valha a pena...

2009/03/08

Entretanto... (1) O Magalhães

Nos muitos meses da minha ausência neste blog, coisas aconteceram que (talvez) mereçam uma referência. Comecemos pelo Magalhães (podia ser outro o nome, claro).
O Magalhães é, estou certo, uma excelente concretização para todos os professores e educadores que de há muito perceberam que a escola do futuro ou será suportada pela tecnologia ou não será escola. Se está ou não a ser usado com propriedade, se tem ou não problemas (o mais recente, o tal software traduzido por quem não domina a língua portuguesa), tudo isso é mais ou menos irrelevante face àquilo que o Magalhães representa nas escolas portuguesas.
O resto, toda a animosidade de vários sectores e com várias matizes, é politiquice. Incluindo esta última, a de se querer que o Primeiro Ministro assuma a responsabilidade dos erros de português do jogo incluindo no Magalhães. Claro que o último responsável é sempre responsável pelas asneiras de outros menos responsáveis (na cadeia hierárquica, santo Deus, existe sempre tanta irresponsabilidade...). E depois?