Hoje, 4 de Maio, perto das 18 horas. Vagueio pelos canais da televisão e num deles - deixemo-nos de coisas, a RTPN - num dos inenarráveis programas de Antena Aberta, o moderador de serviço, pretendendo desculpar-se da questão levantada, diz que Manuela Ferreira Leite e Jorge Sampaio, que de algum modo admitiram a possibilidade do Bloco Central, não são duas "pessoas quaisqueres"... Logo a seguir, o convidado, a propósito de qualquer coisa que nem recordo, diz que "isso tem a haver com..." É demais!
The past is malleable and flexible, changing as our recollection interprets and re-explains what has happened.... Peter Berger
2009/05/04
2009/04/26
Por estes vos darei um Nuno fero...
Relembrar Camões no dia em que o Nuno "fero" vira santo.
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Rompem-se aqui dos nossos os primeiros,
Tantos dos inimigos a eles vão.
Está ali Nuno, qual pelos outeiros
De Ceuta está o fortíssimo leão
Que cercado se vê dos cavaleiros
Que os campos vão correr de Tetuão:
Perseguem-no com as lanças, e ele, iroso,
Torvado um pouco está, mas não medroso;
.
Com torva vista os vê, mas a natura
Ferina e a ira não lhe compadecem
Que as costas dê, mas antes na espessura
Das lanças se arremessa, que recrecem.
Tal está o cavaleiro, que a verdura
Tinge co'o sangue alheio: ali perecem
Alguns dos seus, que o ânimo valente
Perde a virtude contra tanta gente.
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Mas isto foi em 1385...
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Rompem-se aqui dos nossos os primeiros,
Tantos dos inimigos a eles vão.
Está ali Nuno, qual pelos outeiros
De Ceuta está o fortíssimo leão
Que cercado se vê dos cavaleiros
Que os campos vão correr de Tetuão:
Perseguem-no com as lanças, e ele, iroso,
Torvado um pouco está, mas não medroso;
.
Com torva vista os vê, mas a natura
Ferina e a ira não lhe compadecem
Que as costas dê, mas antes na espessura
Das lanças se arremessa, que recrecem.
Tal está o cavaleiro, que a verdura
Tinge co'o sangue alheio: ali perecem
Alguns dos seus, que o ânimo valente
Perde a virtude contra tanta gente.
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Mas isto foi em 1385...
2009/04/24
Mais sobre a extensão da escolaridade obrigatória
Como era de esperar, as personalidades interrogadas sobre a decisão do Governo de obrigar os alunos a frequentarem a escola até ao 12º ano (ou, como a Ministra da Educação precisou, até atingirem os 18 anos, o que como é óbvio é um pouco diferente), disseram todas, praticamente, um "Sim, mas..." Compreende-se. Ninguém de boa fé poderá estar contra, ninguém de boa fé poderá dizer que a tarefa é fácil. A diferença entre quem opina estará nas conclusão, género "Não é fácil mas tem de se fazer" ou " Nunca se vai conseguir..."
Ainda há dias, em conversa com uma colega, lembrava uma das facetas que mais me marcaram do Ministro Veiga Simão, que costumava dizer que se não se tomasse decisões, mesmo sabendo-as de difícil execução, nunca se andaria em frente (recordo-me bem do que foi a criação de várias escolas no distrito de Viana do Castelo, em 1973, quando tudo apontava para a inexequibilidade do proposto).
Escrevi ontem, e repito hoje, é preciso que a medida seja seguida de um trabalho de análise muito cuidado e que se tenha em mente que obrigar alunos a estar na escola até aos 18 anos tem de significar uma estrutura flexivel em várias instâncias, nomeadamente a curricular. Li hoje, nos jornais (apesar de tudo, continuo a ler jornais...) algumas observações judiciosas que têm de ser levadas em conta, como as de Joaquim Azevedo e Júlio Pedrosa. Ambos podem contribuir, como outros, para um debate que é importante fazer-se, de modo a que pais e alunos percebam bem o que está em causa.
2009/04/23
Extensão da escolaridade obrigatória
Leio no Diário de Notícias de hoje que pais e professores (neste caso, o Presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais e um Presidente de um Sindicato de Professores) estão de acordo com a medida da obrigatoriedade do 12º ano (aliás, já prometida há muito) mas previnem que "é preciso adaptar os currículos". Deixando de lado a expressão "adaptar", que não me agrada, devo dizer que é extremamente lúcida esta posição, e espero que o Ministério da Educação faça o que deve, ou seja, analise cuidadosamente todas as implicações da medida e proponha na verdade currículos que sirvam os interesses de todos os potenciais alunos no novo sistema. Já existem no país condições (e "know how") suficientes para não enveredar por soluções demasiadamente rígidas e quase sempre ineficazes.
2009/04/13
Estação de caminhos de ferro de Braga, às 17 e 50 do dia 8 de Abril de 2009
Regresso a Lisboa depois de um dia de trabalho (quem diria!) em Braga. Entro na estação de caminhos de ferro, que tão bem conheço, e dirijo-me para o comboio Alfa que partirá dentro de minutos. Vejo, num dos poucos bancos existentes na gare, um pequeno grupo - duas senhoras e um rapazinho de nove, dez anos (porventura menos?). A criança é de raça negra, e está atenta a qualquer coisa que tem no colo. Ao aproximar-me, percebi o objecto do interesse: um computador Magalhães!
Fiquei surpreso - o tempo é de férias escolares... Fiquei, para além de surpreso, contente: ainda à hora do almoço estivera, com colegas, a falar sobre o Magalhães, e soubera coisas interessantes. Para além de todas as polémicas, o que é importante é que o investimento feito seja reprodutivo. Pelos vistos, está a ser.
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