2005/08/01

A Emissora Nacional


Faz hoje 70 anos nasceu, oficialmente (porque desde há alguns anos se faziam emissões experimentais), a Emissora Nacional de Radiodifusão, que em 1975 passou a RDP (Rádio Difusão Portuguesa), a estação pública de rádio. Nasceu, como era natural na época, sob o signo da política do regime personificado em Salazar, e como resposta a rádios privadas que entretanto já emitiam regularmente – como a Rádio Sonora ou o Rádio Clube Português, no Sul, ou a Sonora Rádio no Porto. A EN é apenas um pouco mais velha do que eu…

Como só em 1957 nasceu a televisão, a minha infância e juventude foi muito marcada pela rádio, como aliás já disse em posts anteriores. Ainda recordo com nitidez as vozes de alguns locutores: Pedro Moutinho, Maria Leonor, Igrejas Caeiro, Alberto Reprezas, Olavo d’Eça Leal… (e do Rádio Clube, como esquecer a Mary – uma voz de oiro num corpo enorme!) Também me lembro dos relatos de desafios de futebol com o Quádrios Raposo (normalmente, o resumo da primeira parte e o relato da segunda…), dos Serões para Trabalhadores aos sábados, e de esperar a hora do almoço de domingo para ouvir o Domingo Sonoro, a revista semanal de actualidades que terminava com os diálogos – do Eça, da Lélé e do Zequinha…

A Emissora Nacional, enquanto “serviço público”, não foi melhor nem pior do que outras instituições no que se referia à reverência pelo regime. Teve como tutor António Ferro – o homem da propaganda – e, imagine-se, um dos seus primeiros directores foi Henrique Galvão, que mais tarde haveria de romper com Salazar e ser rosto da oposição e autor do assalto ao “Santa Maria”, em 1961.

Hoje, transformada em RDP, com as suas várias Antenas, perdeu audiência para outras rádios privadas – a Renascença, a TSF. Mas de qualquer modo merece parabéns; e a minha memória flutuou até ao começo dos anos quarenta, quando comecei a ouvir regulamente rádio e – preferencialmente – a Emissora Nacional…

1 comentário:

saltapocinhas disse...

Também ouvi muita rádio, pois o meu pai só comprou a 1ª televisão quando eu já tinha 16 anos...Adorava os "parodiantes de Lisboa" e a voz de alguns locutores, mas não sei o nome deles...E aos sábados à tarde havia uma senhora que contava uma história, que eu também nunca perdia!