2005/06/28

Serenando


Passadas as controvérsias sobre a greve que os Sindicatos dos Professores decidiram convocar para os dias de exame dos 9º e 12º anos, vale a pena, serenamente, acrescentar algumas considerações.

Antes de mais, os professores provaram – e a esmagadora maioria, não por medo de represálias mas por serem profissionais – que era indigno fazer reverter sobre os alunos qualquer agravo que tivessem contra a tutela. Tutela – e não entidade patronal. Eu, que tenho um forte sentimento de pertença à minha classe profissional, fiquei satisfeitíssimo.

Em segundo lugar, se se confirmarem as notícias, que li, a propósito de terem sido solicitados às Escolas nomes de grevistas por parte de estruturas do Ministério, é evidente que esse acto merece repulsa e em meu entender deveria ser severamente punido (aliás, um dos meus posts referia quanto no passado me incomodou uma situação análoga).

Finalmente, seria a meu ver salutar que houvesse mais serenidade (e porventura bom senso) na análise da actual situação (e aqui não penso só nos professores). O que está a acontecer, em termos de política governamental, deve levar toda a gente a reflectir sobre o que deva ser o estado real da economia e das finanças do país. E se o país está doente, é necessário encontrar um remédio, não agravar a doença.

Tenho vindo a reflectir sobre isto e talvez escreva um post brevemente.

9 comentários:

Miguel Pinto disse...

Eu sou um dos professores que o prof. Varlela designa de desqualificados. Fiz greve e não me arrependi de o ter feito não só pelas circunstâncias que se criaram em torno dos exames como pelos novos desenvolvimentos [“se se confirmarem as notícias, que li, a propósito de terem sido solicitados às Escolas nomes de grevistas por parte de estruturas do Ministério”]. A questão da qualificação dos professores merece um outro olhar.

Emilia Miranda disse...

Passamos por aqui para transmitir uma mensagem dos pequenotes netescritores: “Não pensem que se vêem livres de nós durante as férias!”
Um abraço,
Emília.

saltapocinhas disse...

Eu não devia comentar aqui ao pé dum "desqualificado" :-)
Esta greve teve esse condão especial: pôr professores contra professores, em vez de professores contra uma situação má...mais um favor que ficamos a dever aos sindicatos!
À minha escola não foi pedida nenhuma lista de grevistas (ops, ás vezes esqueço-me que nestas coisas dos "grandes" os "pequeninos" não entram!!)

Cândido M. Varela de Freitas disse...

Meu caro Miguel, creio que nunca usei o termo "desqualificado", embora tenha porventura usado um termo menos bonito... Creio que ambos temos o direito de ter ideias diferentes sem que isso interfira no respeito que possamos ter um pelo outro. Nunca me considerei catequista! Obviamente mantenho a minha posição como o Miguel mantém a sua.
Para a Saltapocinhas, os ecos que me chegaram dos tais pedidos não foram que tenha sido coisa generalizada mas sim uma decisão local de um "chefe" mais papista que o papa, como se costuma dizer. Ervas ruins que há em todo o sítio, mas que era bom que fossem cortadas. Era bom que prevalecesse o bom senso e a união dos professores. Claro que episódios como este não ajudam, como não ajuda os polícias em cenas indecorosas...
Emília, hei-de ir mais vezes ao Netescrita, quando o trabalho abrandar...

«« disse...

Muito se fala da greve dos professores e aind não vi nenhuma ´voz a se levantar contra a continuada agressão que se faz à classe por jornalista, politicos e economista...é pena..basta ler o editorial da revista sabado para ver como mal se tem tratado os professores em particular e a função publica em geral, numa clara falta de sentido de estado.

saltapocinhas disse...

O Varela vai-me desculpar esta intromissão, mas ó Miguel tu lês a Sábado? mais valia leres a Maria! Pelo menos divertias-te!

Cândido M. Varela de Freitas disse...

Niguel Sousa
Não partilho dessas opiniões e estou em profundo desacordo com elas, até porque são injustas para com o que eu creio ser uma maioria dos professores. Mas atitudes como as que os Sindicatos tomaram não são bons cartões de visita (tal como acontece agora com os enfermeirtos, por exemplo) e proporcionam os excessos que têm sido publicados e proferidos em programas de televisão. Foram essas que eu verberei e continuarei a verberar se mais ocorrerem.

Saltapocinhas
A Maria???

saltapocinhas disse...

Sim! Não conheces? Eu ensino-te onde é a minha cabeleireira que ela tem... Tenho pena de só lá ir mesmo para cortar o cabelo p'raí de 3 em 3 meses! Senão garanto-te que andava bem mais actualizada!

«« disse...

Saltapocinhas, talvez seja um leitor compulsivo.
Caro Professor Varela, nem me passou pela cabeça que advogasse essas posições, foi puro desabafo de quem sente, muito fundo, as críticas que fazem à classe, sem qualquer esforço em separar o trigo com o joio...porque, simplesmente, não acreditam haver trigo.