2012/07/16

ERA BOM…

… que a luta político-partidária, natural e, digamos, saudável, fosse assumida precisamente dessa forma – saudavelmente. A meu ver, a política e os políticos têm-se desacreditado entre nós muito pelo espectáculo deprimente que de há uns anos a esta parte oferece aos cidadãos. Neste caso Relvas, o último episódio consistiu em Duarte Marques, o responsável pela JSD, ter intervindo num discurso ambíguo (ver, por exemplo, Alegações finais, no Diário de Notícias de hoje, 16 de Julho), no qual, considerando o caso grave, desculpabiliza o antigo jotinha dizendo que “é mais vítima do que culpado”, insinuando que a legislação publicada em 2006, no tempo do ministro Mariano Gago, deveria por neste “ser explicada”. Como e porquê, pergunto. Era o que faltava um ex-ministro vir “explicar” por que no decreto que regula a formação no ensino superior está uma alínea que dispõe poder ser creditada aquela que eventualmente possa ser suprida pela experiência profissional! Como se essa alínea não fosse, como repetidamente se tem dito ultimamente, regra quase geral em todos os países do mundo (incluindo os que aderiram a Bolonha…). Era necessária esta picardia? Nos posts anteriores tenho sido bem comedido sobre Relvas – afinal, ele nada fez de ilegal. Mas perante esta tentativa de branqueamento (“mais vítima do que culpado”) apetece-me ser incisivo. Vítima, porquê? O sr. Relvas (antes de ser Dr.) tinha atrás de si uma história académica deplorável, mesmo no secundário. Ele sabia que (parece) só tinha sido aprovado numa disciplina do curso de Direito, com 10 valores, e embora tivesse feito várias tentativas inscrevendo-se em outros cursos, nada mais conseguira, mesmo em universidades privadas. Ao pedir creditação pela sua experiência profissional, ele, um homem que “norteou a sua vida pela busca do conhecimento permanente”, esperaria que lhe dessem de mão beijada créditos por 32 unidades curriculares? E quando lhos deram, não se terá apercebido de que algo de estranho se passara? Eu não quero, até porque não posso, insinuar nada mais do que isto, mas a opinião pública já terá percebido o que se passou. Sr. Duarte Marques, se quer que a JSD se credibilize, terá de fazer muito melhor do que fez até aqui.

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