2005/09/06

Memórias de férias (4 – A caminho de Mafra)


Quando vivia em Lisboa, nos anos 70, no começo de uma vida um pouco mais desafogada, era muito frequente, aos domingos, sair da cidade e ir almoçar a uma localidade dos arredores. Sintra terá sido o local mais visitado, mas também Bucelas, Ericeira, Santa Cruz e mesmo Torres Vedras estavam no nosso itinerário. Curiosamente, por Mafra “passava-se” – visitado o Palácio, Mafra estava vista. Ontem, porém, atendendo a que não estamos longe e há muitos anos que não víamos o Palácio com cuidado, decidimos aproveitar a tarde e ir até lá. O nosso raciocínio foi este: às segundas-feiras os Museus estão fechados, por isso vamos na terça…

As estradas, mesmo secundárias, estão em excelente condição, mas a sinalização é completamente estúpida. Não é novidade, porque infelizmente é quase regra. Quem conhece não tem dificuldades, mas quem não conhece tem por vezes de decidir às escuras se deve virar à direita ou à esquerda. Como não tenho grande sorte a jogos, tive de andar uns bons quilómetros mais por erro na aposta. Não me aborreci, contudo, porque pude verificar como mudou a paisagem (urbana) da região. A primeira passagem, na Praia de Santa Cruz, mostrou de imediato como cresceram prédios e moradias, implantados em infra-estruturas adequadas. Não passei pelo centro (que deve manter-se mais ou menos como era), mas nas franjas a mudança é abissal. O mesmo verifiquei quando, depois de ter perdido o caminho mais curto, passei por locais que conhecei na minha infância, como a Encarnação, o Sobral de Abelheira (este visto de cima, da Picanceira) e finalmente Mafra. Como Mafra mudou! Até tem uma auto-estrada para a Malveira! Pergunto-me que atracção terá viver em Mafra numa moradia com vistas para a auto-estrada, mas enfim…

Bom, vamos ao Palácio. Está bem tratado por fora. Imponente q.b. para o nosso orgulho de pequeno país. Fácil estacionar mesmo em frente ao Palácio. Procuramos a entrada. E aí, um balde de água fria (mas como estava calor…). O Palácio está fechado às terças-feiras! Não vale a pena argumentar que é um disparate porque em todo o mundo a segunda-feira é o dia de encerramento de museus (e em certo sentido, o Palácio funciona como museu). Gostaria de saber quantas pessoas têm ido a Mafra à terça-feira e sofrem a mesma decepção que sofremos.

Regressamos pela Ericeira, para confirmar, com exuberância, o crescimento habitacional. Não vou entrar numa de dizer “Que saudades da Ericeira de há trinta anos”, só porque nessa altura quase se podia estacionar à porta do restaurante… Mas confunde-me (como já me confundia a Quarteira no Algarve) o amontoar de casas em zona de lazer.

Claro que tudo isto representa progresso. Mais adiante, à beira da estrada, numa pequena localidade cujo nome já esqueci, há um pequeno supermercado. Terá as lâminas que esqueci? Tem. E tem praticamente tudo o que se procure – ali, onde certamente há trinta anos existiria, se existisse, uma taberna.

É o progresso.

Será?
2005.08.24

4 comentários:

saltapocinhas disse...

Já fui duas vezes a Mafra e em nenhuma consegui entrar no convento. Só não me lembro que dia era

Emilia Miranda disse...

Não sei se será? Que progresso?
Um abraço,
Emília.

Emilia Miranda disse...

Correcção ao meu comentário anterior:
Não sei se será!
Que progresso?

Cândido M. Varela de Freitas disse...

Olá, Emília!
Eu também me interrogo, embora afirme...