2005/06/01

O Alfa nº 135 (Lisboa, Santa Apolónia: 18 e 55)


Um dos benefícios do Euro 2004 para a cidade de Braga (e foram bastantes) foi o podermos passar a usufruir dos serviços do Alfa que, em menos de quatro horas, nos põe em Lisboa (e vice-versa). Claro que o tempo gasto para os 350 quilómetros é ainda exagerado, mas a comodidade é grande. Neste princípio de semana tive de vir a Lisboa, e uma vez mais preferi o comboio ao automóvel, e por isso estou de regresso a Braga no Alfa das 18 e 55… Anoitece, acabei de escrever a crónica para a Rádio Universitária que vou gravar amanhã, e decidi accionar a minha memória flutuante…

Na verdade, lembrei-me da minha primeira viagem de comboio de Lisboa ao Porto, num ano que situo entre 1942 ou 1943. Era uma criança, de facto, mas lembro com nitidez muitas das coisas que me aconteceram nessa semana em que, com o meu irmão, tive a alegria de fazer uma grande viagem… Tínhamos na altura um tio a viver no Porto, e, por alturas do S. João, fomos então passar uns dias à Invicta.

Havia então um comboio que se chamava pomposamente Flecha de Prata (por causa da cor das carruagens, porque quanto à velocidade de flecha, estávamos conversados!). A viagem demorou uma eternidade, creio que umas doze horas. Apesar de flecha, parava em tudo o que tinha um cais de embarque… Recordo-me dos pregões nas estações (que aliás duraram mais alguns anos): “Arrufadas de Coimbra e barricas de ovos moles!” ou “Água fresquinha!”…

É curioso como a memória guarda imagens tão longínquas no tempo. Claro que me lembro bem melhor da viagem de ida do que da de volta, estava tão excitado com a minha primeira grande viagem!

Bom, parei agora em Aveiro, já não se vendem na estação barricas de ovos moles, agora muito mais eficientemente publicitados (agradeço às Fábulas da Saltapocinhas a informação sobre o site…), e por isso termino esta evocação com uma lembrança da noite de S. João desse ano, nas Fontaínhas: ainda levei com um verdadeiro alho-porro na cabeça, porque nos anos quarenta a horrenda moda dos martelinhos não podia existir…

2 comentários:

saltapocinhas disse...

Snif, snif, snifff...Passaste ao fundo do meu quintal e eu não te vi!! Não reparaste, quase a chegar a Aveiro num quintal muito lindo, todo relvadinho e com maçãs, pêras e laranjas e limões a nascer?? ERA O MEU!!!
(não sei porquê lembrei-me daquela fábula dos filhotes de águia!!)

Cândido M. Varela de Freitas disse...

È do lado direito ou esquerdo (quem vai para Lisboa)? Devo´lá passar outra vez brevemente...