2005/03/05

Bibliotecas…


Visito com alguma regularidade o blog do Pacheco Pereira. Discordo do modo de gestão que ele adoptou, impedindo os comentários mas exibindo, como troféus seleccionados, as mensagens (necessariamente apenas algumas) que lhe chegam por e-mail. Nos último dias, ele e os seus leitores inundaram o blog com curiosos posts sobre bibliotecas, revivendo como elas eram em tempos que já lá vão.

Isto levou-me a flutuar no tempo – e a lembrar como também eu fui, tenho sido, ao longo dos tempos, “rato” de bibliotecas…

Era utente assíduo da Biblioteca Nacional muito antes de ela ter feito a mudança para as instalações actuais. Comecei a frequentá-la ainda aluno do Liceu, apesar de haver uma norma sobre a idade mínima de acesso – os 17 anos – que uma cumplicidade com pessoas do catálogo torneava (a infracção à lei era por uma boa causa: onde se viu impedir um aluno aplicado de frequentar uma biblioteca?). Ao mesmo tempo, e porque nem ficava longe de minha casa, ia com frequência à Biblioteca do Palácio Galveias, ao Campo Pequeno. Nessa altura as minhas leituras eram fundamentalmente livros de História, a História Universal de Macedo Mendes, e a História de Portugal (edição Barcelos) que muito mais tarde comprei mas, na altura, estava fora das minhas posses. Ao longo do curso a Biblioteca Nacional não foi propriamente uma segunda casa, mas quase. Mais tarde, nas minhas deambulações pelo país, passei horas em muitas Bibliotecas, mas de todas recordo a do então Liceu Normal de D. João III, em Coimbra (hoje, Escola Secundária José Falcão), que tinha um recheio precioso, um fundo antigo que fazia as minhas delícias (a Gazeta de Lisboa do século XIX, o Journal des Savants…). Também guardo boas recordações da Biblioteca Geral da Universidade.

Mas de todas as Bibliotecas, a que mais me ajudou e aquela onde vivi mais horas da minha vida foi a Biblioteca da Universidade de Iowa: nos quase três anos e meio que vivi em Iowa City não direi que fui lá todos os dias, mas quase. Era (e continua a ser, como em geral acontece com qualquer outra universidade nos EUA) uma biblioteca fabulosa. É verdade que depois tive ocasião de conhecer outra ainda mais avançada tecnologicamente, a da Universidade de Kentucky, em Lexington. Quando regressei dos States a falta que me fazia a minha Biblioteca de Iowa!

Hoje, por um lado porque a(s) Biblioteca(s) da minha Universidade são já muito boas, por outro porque com os benefícios da Internet, com o B-On e o acesso a muitas bases de dados, cada vez me sinto menos limitado quando quero ter acesso a uma fonte importante, sinto-me menos “rato” de Biblioteca, a não ser na minha, claro, onde me perco por vezes à procura do que necessito.

2 comentários:

Luís Aguiar-Conraria disse...

Achei piada a este “post”. Provavelmente irei a uma conferência de Economia na Universidade de Iowa, em Maio. Dar-lhes-ei um “hello” da sua parte.

Cândido M. Varela de Freitas disse...

Maio é (pode ser...) um bom mês para estar em Iowa City. As reticências referem a possibilidade de "severe weather", tornados, trovoadas... O edifício da Economia, tanto quanto me lembro, tinha acabado de ser construído quando lá estive, fica bem no centro da cidade. Vai ver que gosta! Bom trabalho.