2011/08/16

PALAVRAS A MEIO DE AGOSTO…


Leio no Público de hoje (16 de Agosto) que Nuno Crato, ao discursar ontem em Gouveia, terá dito que “(m)ais do que computadores ou quadros interactivos o que mais falta faz nas escolas é empenho”. Como não conheço o texto completo do discurso tenho de cingir-me a esta informação, que aliás é reforçada por outra, mais abaixo na notícia, a qual refere que o empenho pedido abrange todos – professores, alunos, pais.

Nada a opor à ideia de que uma escola empenhada é importante, porventura essencial, para o êxito. A investigação comprova-o abundantemente. Dizer que esse empenho faz mais falta do que computadores ou quadros interactivos (que são hoje, felizmente, materiais que muitas escolas têm ao serviço) é, a meu ver, infeliz. Sobretudo por vir de um Ministro da Educação, que dá assim um sinal aos professores pouco “empenhados” no uso nas tecnologias (e são tantos!) para não lhes prestarem atenção.

Eu esperaria que um Ministro da Educação português, no século XXI, encontrando as escolas do seu país bastante bem equipadas com as chamadas TIC, o que representou um esforço financeiro assinalável, continuasse a apoiar o seu uso e sobretudo visando a melhoria no seu aproveitamento, ainda bastante limitado.

Dito isto, quero reforçar que continuo a pensar que o professor será sempre o elemento chave na esola. Em 1997 escrevi:

“Ninguém advogará que (o professor) se esqueça dele próprio; pelo contrário, há uma certa unanimidade na conclusão de que a figura do professor será sempre indispensável no processo educativo. As tecnologias dificilmente produzirão substitutos do homem no que ele tem de característico, ou seja a sua humanidade. A inteligência artificial, que tem conhecido desenvolvimentos muito grandes e é já hoje utilizada em educação, poderá mais tarde ou mais cedo encontrar terreno para produzir programas nos quais a interacção pareça ser com um humano, mas não mais do que isso; a realidade virtual não é nem será mais do que realidade virtual. A comunicação face-a-face, a atenção não estandardizada, a emoção autêntica, terão sempre de existir numa relação pedagógica profunda. É nesse sentido que o professor jamais será substituído pela tecnologia.” (Tecnologias da Informação e Comunicação na Aprendizagem. Lisboa: ITE)

Mas ignorar as TIC? Em 2011? Prof. Nuno Crato, pense bem no que anda a dizer e a fazer…

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