2007/03/08

Os cinquenta anos da Televisão em Portugal


Sem explicações para o silêncio.

Ao assistir, ontem, ao que se chamou “uma espécie de gala” da Televisão, revivi obviamente muito do que na minha vida se associa à TV. Quando começou o período experimental, em 1956, morava, com os meus pais, mesmo ao pé do parque de Palhavã onde funcionava a Feira Popular (de “O Século”…) e onde o mesmo período experimental decorria. Por dez tostões (um escudo, menos de meio cêntimo na moeda actual…) entrava na Feira, dava umas voltas, e ia olhando para os monitores que transmitiam o que se ia passando no estúdio, junto ao qual estava sempre uma pequena multidão. Confesso que não me lembro do dia 7 de Março de 1957. Claro que os meus pais não tinham televisão, que nessa altura tinha preços proibitivos. Contudo, não demoraram muito tempo a adquiri-la. Curiosamente, depois de me ter “emancipado” e ter casa própria, resisti muito tempo a comprar uma televisão, um pouco desconfiado, e com razão, dos seus efeitos na convivência familiar. A minha resistência quebrou com o regime: no dia 26 de Abril de 1974 (ou teria sido a 27?), logo pela manhã, fui a uma casa de artigos eléctricos na Praça de Londres e comprei uma Panasonic, portátil, para evitar montagem de antena. A televisão passara a valer a pena…

Quem exultou com a compra foi a minha filha (na altura com seis anos) que de há muito a desejava: ainda me lembro que quando lhe disse que ia comprar uma televisão ela abriu a boca de espanto (e não estou a fazer literatura, de facto abriu mesmo a boca!).

Não vale a pena dizer banalidades acerca do que a televisão representou e ainda hoje representa para o mundo. De facto, ela mudou o mundo, e hoje, ajudada por tecnologias cada vez mais sofisticadas, promete mudanças eventualmente ainda mais expressivas.

Gostei de ver a “gala”, ainda que registasse algumas faltas na memória dos 50 anos (mas não se podem reviver cinquenta anos em três horas). Quero deixar aqui aquela falta que para mim mais significado teve: o nunca se ter mencionado expressamente o papel da TV na Telescola, que desde 1965 até à década de 80 desempenhou um papel muito relevante no panorama educacional e que, na sua versão mais conhecida, era dedicada a alunos mas era vista por muitas pessoas que tinham tempo livre à tarde e seguiam as lições apresentadas.

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