2007/03/26

Não é grave, mas…


Não é grave o resultado do concurso sobre o “maior português de sempre” – porque é um concurso, sujeito a todos os condicionalismos de consultas como a que foi feita. Mas… deve fazer pensar. E procurar compreender possíveis porquês. Sendo certo que quem tem hoje quarenta e mesmo mais alguns anos, não viveu nos tempos de Salazar e não se pode dizer que depois do 25 de Abril a sua figura tenha sido bem tratada, e que os mais velhos se dividirão entre saudosistas e opositores; sendo igualmente certo que neste segundo grupo ninguém pode ignorar o progresso enorme do país nos últimos trinta anos de democracia; porquê, então, esta ideia de que Salazar merece ser considerado o “maior português de sempre”? Alinho uma razão: o português gosta de quem exerça a autoridade, perdoando inclusivamente excessos derivados desse exercício, sobretudo quando emergem períodos de grande mal-estar, de confusão, numa palavra, de “bandalheira”.

A propósito: não será muito por isso que o actual primeiro-ministro, tão contestado nas ruas, continua a ser muito bem classificado pelas sondagens?

4 comentários:

homoclinica disse...

Não me parece que seja por "gosto de autoridade". Acho que há um sentimento global, mesmo entre aqueles que saudaram o 25 de Abril e que detestavam o regime de Salazar, de que a democracia e a liberdade que passámos a ter, foi usada no mau sentido. Tem servido para que uns "espertos" se aproveitem. As responsabilidades estão diluídas, não são de ninguém. Há muitos que souberam aproveitar-se e a corrupção e a fuga fiscal está aí impune e ufana. Os processos prescrevem e eles ficam-se a rir. Os partidos regem-se mais por estratégias de assalto ao poder do que por ideais políticos. As sucessivas e inúmeras vagas de deputados saiem com chorudas reformas obtidas com parcos anos de exercício, enquanto muitos desgraçados, com 20 ou 30 anos de serviço, vão para o desemprego, sem o mínimo de condições de subsistência. Muitos nem sequer têm direito a subsídio de desemprego. Muitas escolas, maternidades e centros de saúde estão a fechar.
Por tudo isto, é natural e compreende-se que haja um certo saudosismo. Por muita liberdade que haja agora, isso não chega para fazer esquecer a fome e a falta de condições minimas de sobrevivência.
Talvez um dia se chegue a um equilíbrio. Estamos num processo oscilatório, quase caótico, entre dois extremos.

saltapocinhas disse...

Olá!! Tudo bem contigo?

Não me preocupei muito com o assunto: foi um concurso e, pelos vistos, com pouca adesão.
A mim parece-me que foi apenas uma briga entre saudosistas de Salazar e saudosistas de Cunhal.
Entre os dois, venha o diao e escolha!

Delfim Peixoto disse...

Concordo com as opiniões anteriores mas parece-me que o resultado desta votação indicia também o poder dos Mass Media que fizeram tudo para que este "concurso" fôsse uma forma de distrair o Povo de questões relevantes que dizem respeito a todas as alterações que se fazem no país, muitas delas negativas, dando como exemplo o encerramento de maternidades obrigando a que quem nasça em Espanha deixe de ser Português, diminuindo o número de nados neste país e aumentando o número populacional espanhol. Bom, penso que o facto de ter sido "eleito" Salazar só vem demonstrar que a Direita ainda tem um forte poder; os culpados desta eleição são também os homens de esquerda que deixaram de votar menosprezando, até certo ponto, a luta que me parece ter sido "inventada" por quem teve a "produção do espectáculo"; no meu ponto de vista, o melhor português é o POVO de Portugal, que sofre, que trabalha, que luta e não tem como recompensa salários dignos, uma vida serena, não tem acesso à Cultura! Como individualidade, não votaria em ninguém em particular pois são tantos os nobres portugueses, desde Camões a Pessoa, a Saramago,Gulermina Suggia, Maria João Pires, Vieira e tantos que morreram nas lutas do Ultramar, aos que emigraram, que seria desonroso eleger "o melhor " português.
Finalizando, concordo que tudo isto não passou de uma guerra de audiências, de "sondagem" sobre quem tem mais poder nos Media: a Esquerda, ou a Direita, ou nenhuma?
Um abraço!

Anónimo disse...

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