2007/01/08

A propósito dos 225 anos do Martinho da Arcada: os meus cafés de Lisboa


O Martinho da Arcada nunca foi um café que frequentasse – ficava longe dos sítios por onde passava. Nos anos 50, enquanto estudante nos últimos anos do liceu, houve dois cafés nos quais era assíduo: o Monumental e o Monte Carlo, ao Saldanha. Curiosamente nunca me fixei num só, ia num dia a um, noutro dia a outro. Na zona do meu liceu – o D. João de Castro – descia algumas vezes à Junqueira com colegas para uma bica no Estrela da Manhã (que creio ainda existe).

Há cinquenta anos Lisboa tinha muitos cafés. Quando entrei na Faculdade de Letras, e atendendo à sua relativa proximidade do Chiado, passei a ir algumas vezes à Brasileira, mas não deixei de frequentemente tomar a bica no Chave d’Ouro, no Martinho (o “outro”, ao pé do teatro Nacional, que desapareceu…) ou no Nicola, e, no verão, passei muito tempo de conversa com colegas nas esplanadas da Avenida da Liberdade. Mais tarde procurei com alguma frequência o Império (que reabriu há pouco tempo), quase sempre associado a uma ida ao cinema ou ao teatro…

Não fazendo bem uma “vida de café”, e muito de acordo com a época, muitos passos da minha existência estão ligados a cafés. Ou pastelarias… Recordo que um dos primeiros posts da Memória foi para evocar a Cister, na Rua da Escola Politécnica. Por falar em pastelarias, na zona da minha residência também parava muitas vezes na Sequeira & Sequeira (esquina da Duque d’Ávila com a Avenida da República), que ainda existe, e na Ideal das Avenidas (ao Campo Pequeno), que acabou. Na Baixa, ir à Nacional era frequente…

Assisti, depois, ao encerramento progressivo de quase todos os cafés – só o Nicola continua, daqueles que mencionei – transformados em agências bancárias.

Tenho algumas saudades desses tempos em que passava horas sentado a uma mesa, conversando, lendo ou escrevendo, a troco de uma bica e um copo de água, e onde era raro ver entrar alguém para beber um café ao balcão…

Outros tempos, claro. Mas não fica mal ter saudades…