2006/05/11

O Ministro da Educação argentino


Na Argentina, o Ministro da Educação decidiu que em todas as escolas iriam ser colocados televisores para que os alunos (e professores, claro) pudessem ver os jogos do campeonato do mundo de futebol que se vai disputar em Junho na Alemanha nos quais participe a equipa nacional, uma vez que a maior parte dos jogos são em dias de semana e a meio da tarde (por causa da diferença horária). A medida, diz ele, tem como objectivo fazer com que os alunos não faltem às aulas.

Mas o Ministro disse mais: que esperava que os professores aproveitassem os jogos para nesse dia, ou nessas aulas, ligarem o evento desportivo ao trabalho escolar.

É evidente que de imediato houve reacções (duas autoridades escolares, entrevistadas, estavam contra a medida, dizendo, genericamente, que a escola não deveria “misturar-se” com o futebol),
Tenho a certeza que vão ser muitas as críticas, mesmo fora da Argentina, e estou curioso para saber o que pensam os portugueses… Eu vou já dizer o que penso.

Antes de mais, o Ministro argentino teve coragem e aproveitou bem o momento para alguma pedagogia. A escola não pode e não deve desligar-se da vida; ignorar o que acontece de relevante não é boa política. Por outro lado, e isto por muito que pese a quem não aceita esta tese, o interesse e motivação dos alunos é sempre um vector a ter em conta para quem ensina.

O futebol não é mais do que um desporto e um entretenimento, mas em certas alturas ultrapassa o nível a que deve ser entendido, em especial em algumas sociedades – e a argentina, como a portuguesa, brasileira ou inglesa, é muito sensível ao fenómeno futebol. Pode por isso perguntar-se com que cabeça iria a maior parte dos alunos para as aulas sabendo que nesse momento se disputava um jogo importante. Provavelmente, muitos faltariam. Proporcionando-lhes o verem o jogo na própria escola, creio que irão todos. Será isto uma adulteração à vida escolar?

Entra aqui a gestão pedagógica por parte dos professores, que podem tirar partido da situação e integrar o acontecimento no currículo, seja qual for a matéria que nessa hora deveria ocupar os alunos. Inclusivamente, para chamar a atenção para a necessidade de evitar a alienação em relação a qualquer desporto, futebol incluído.

Estou consciente que estas ideias contribuem para a péssima reputação das ciências da educação e para o risco de entrar para o anedotário sobre o tal eduquês.
Paciência…

3 comentários:

Miguel Pinto disse...

:)) Paciência, caro professor. Gostei do remate.

saltapocinhas disse...

na altura do europeu, vi um jogo de futebol na TV com os alunos...Qual o mal?

saltapocinhas disse...

na altura do europeu, vi um jogo de futebol na TV com os alunos...Qual o mal?