2005/01/20

Homenagem a Manuel Gomes Guerreiro


Leio no jornal Público que em Querença, uma pequena povoação a norte de Loulé, vai ser hoje prestada homenagem à memória do Prof. Manuel Gomes Guerreiro, que foi o primeiro Reitor da Universidade do Algarve. Se fosse vivo, faria hoje 86 anos.

Conheci o Prof. Gomes Guerreiro em 1983, quando fui para Faro desempenhar o cargo de vogal da Comissão Instaladora da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico, a convite do Prof. Carlos Lloyd Braga, na altura Presidente da Comissão Instaladora desse Instituto. Gomes Guerreiro era um homem simpático e afável, que vivia tempos nada fáceis. A Universidade do Algarve tinha sido criada por iniciativa da Assembleia da República, ao arrepio das políticas defendidas então para o ensino superior no país; Faro já tinha o Instituto Politécnico criado no âmbito de um plano que era apoiado pelo Banco Mundial e por isso não havia muito dinheiro para repartir com duas instituições que, de algum modo, eram (ou seriam, porque na altura a Universidade já tinha alguns alunos e o Politécnico ainda não) concorrenciais. Recordo-me de ter visitado o lugar onde eram dadas as aulas – em instalações medíocres cedidas pela Casa dos Rapazes de Faro, uma instituição que acolhia (e penso que ainda acolhe) rapazes com problemas de integração social. Como se sabe, anos mais tarde Universidade e Politécnico uniram-se, tornando-se o Algarve o primeiro exemplo de coexistência de escolas universitárias e politécnicas.

Recordo-me de uma vez ter almoçado com Gomes Guerreiro (e com outros colegas) e de ele nos ter brindado com referências muito esclarecedoras sobre a situação ambiental do Algarve, uma das suas paixões. Percebia-se que, para além da dedicação que tinha à missão de que estava incumbido – instalar a Universidade – ele era sobretudo um investigador, um cientista. Como tal vai ser hoje recordado, com a inauguração de um jardim mediterrânico a que será dado o seu nome na terra que o viu nascer. É bom que as gerações mais novas saibam preservar a memória dos que merecem, pelo que fizeram, não cair no esquecimento. O Prof. Manuel Gomes Guerreiro foi um deles.

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