2005/01/19

A educação e o novo governo


Os sindicatos da educação já desafiam o futuro governo: a Fenprof e a FNE alertaram os partidos para os problemas do sector. Nos dois casos, há implicitamente um apelo à necessidade de um consenso. Nada mais importante, e devo dizer que me surpreendeu, pela negativa, a actuação do Ministério da Educação do Governo de Durão Barroso, que rompeu com uma prática que pode dizer-se vinha desde os tempos da Revolução de Abril, que era, a meu ver, os partidos do poder, valorizando naturalmente as suas opções políticas, não hostilizarem frontalmente a oposição. Na verdade, ainda que não explicitamente, houve sempre um certo consenso. A rotura deu-se com David Justino, que atacou tudo e todos que antes dele tinham tido responsabilidades na educação em Portugal, e foi levada ao extremo com a aprovação de uma nova lei de bases (chamada da educação…) contra o voto unânime da oposição.

A educação é um dos mais sensíveis sectores da actividade governativa e não há dúvida que o novo governo tem perante si uma tarefa que não é fácil. Há urgência numa nova lei de bases, atendendo aos nossos compromissos por causa de Bolonha. Não apenas, a meu ver, por causa da designação dos graus, mas porque é preciso ter em conta que um novo ensino superior, formatado segundo o paradigma de Bolonha, supõe um outro ensino secundário (e uma reapreciação do básico). Não sei se se tem vindo a pensar nisso, mas de qualquer modo as alterações a fazer não podem ser tomadas de ânimo leve e, repito, terão de como base assentar num consenso alargado, um consenso que não pode nem deve ser só político mas apoiar-se em pareceres que relevem da investigação produzida, no país e fora do país.

Por isso, é preciso que todos (incluindo os Sindicatos, claro) tenham presente que não devem apressar o que tem de ser feito com calma. Apesar da urgência, pode ganhar-se tempo com mais reflexão do que com legislação mal suportada por estudos sérios.

1 comentário:

Miguel Pinto disse...

Bem-vindo.
Palavras sábias as suas: A excitação normativa precisa de ser refreada com mais sensatez.