2011/07/04

INTERMEZZO NA ANÁLISE: DOMINGO À TARDE, NA SIC NOTÍCIAS

Num domingo de Julho com muitas nuvens, a SIC Notícias, ao fim da tarde, resolve dar tempo de antena à educação, entrevistando Maria do Carmo Vieira e Santana Castilho. Em análise, como ponto de partida, a suspensão do fecho das escolas com menos de 21 alunos prevista pelo Governo de Sócrates; mas o prato forte foi outro.

Maria do Carmo Vieira, ainda que não referindo a palavra “eduquês”, atirou-se à pedagogia “reinante” que envergonhava a verdadeira pedagogia (não sei se foi esta a palavra, mas a ideia era essa), aos professores que não sabem as matérias que devem ensinar, ao célebre facilitismo, sentindo-se aterrorizada com a situação e dizendo que não sabe como o Ministro, apesar das suas ideias, vai dar a volta ao texto.

Santana Castilho, por outro lado, foi contundente para o Primeiro-ministro (a quem acusou de desonesto) e de algum modo para o próprio Ministro, em especial por causa da não suspensão da avaliação do desempenho. Fiquei a saber que ele fora o autor da proposta de lei apresentada antes das eleições com esse fim, o que justifica muita coisa… Uma questão pessoal, claro (independentemente das razões objectivas invocadas).

Fico com a ideia de que há muita coisa que merece ser aclarada, de facto. Nada é só branco ou preto. Por exemplo, Maria do Carmo Vieira tem alguma razão quando diz que alguns professores não tiveram na sua formação o estudo suficiente das matérias que devem ser objecto do seu ensino. Há muito que penso que esse foi um dos erros da estrutura de formação de professores que começou a ser implementada nos anos 80: a redução das aprendizagens das matérias a ensinar. Mas Maria do Carmo Vieira não tem razão quando diz que ensinar é transmitir conhecimentos. É evidente que há conhecimentos que podem (e alguns devem) ser transmitidos; mas advogar pura e simplesmente a transmissão, como fez, é alguma coisa que julgava impossível que alguém na nossa profissão advogasse com aquela tranquilidade. Penso mesmo que é mais grave nela do que em Nuno Crato, que tem menos formação pedagógica (ele que me perdoe, mas é verdade).

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