Sou hoje o que era ontem – e não sou. Heraclito tinha razão quando dizia que tudo flui, mas Parménides também a tinha quando defendia a unidade do Ser. Por isso debato-me com um dilema: eu sei que alguma coisa mudou de ontem para hoje, que me obriga a equacionar, como me diziam ontem, “o resto da minha vida”, mas ao mesmo tempo não quero ceder à tentação de cortar com o que ficou para traz porque não posso.
Preparei-me tanto para este momento – e descobri ontem, como descubro hoje, que não estava verdadeiramente preparado. Talvez precise de mais um dia ou dois. Mesmo mais. Mas vou descobrir o sentido desse resto da minha vida.
Para já, tenho ainda os ecos de vozes amigas, de gestos simbólicos lindos, unindo gerações com quem me encontrei e que não me esqueceram. E isso é, neste momento, bastante.
2 comentários:
Já de regresso a Lisboa, vale a pena voltar a dizer como gostei de estar ontem, no fim de um ciclo e recomeço de outro. As maiores felicidades para a nova fase...
Mais um abraço
José Carlos Abrantes
Professor, muito obrigada pelo belíssimo presente, foi uma surpresa que nos sensibilizou: das 10h a.m. até às 19:30 p.m. viu-se sempre uma capa azul em cima de alguma das mesas.
As maiores felicidades.
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