2005/09/01

Memórias de férias (1 - O Vimeiro)


Gosto de ver e de ouvir o mar, mas não aprecio por aí além a vida de praia. Por isso, de vez em quando sabe-me bem passar uns dias à beira-mar, se possível desfrutando dele sem ter necessidade de me deslocar. Em anterior post dei conta de um desses locais – a Praia Grande, a sul da Praia das Maçãs. Para as férias grandes deste ano decidimos passar os últimos dias de Agosto no Vimeiro, onde há um Hotel construído sobre a falésia com uma vista espectacular para o oceano. Creio que hoje não seria autorizada esta construção, mas seja como for, ela existe desde há muito e a situação é de facto privilegiada.

Por aqui passei ainda antes de existir o hotel, quando, nos fins dos anos cinquenta do século passado, fiz prospecções arqueológicas nas praias elevadas do litoral do concelho de Torres Vedras, com vista à minha tese de licenciatura, que foi precisamente uma monografia sobre a arqueologia desse concelho, desde a pré-história até à época lusitano-romana.

Depois, nos começos dos anos 70, descobri o hotel – nessa altura um pequeno hotel, com dois andares, uma mini-piscina, e já vocacionado para proporcionar aos interessados a prática do golfe. Dai o nome do Hotel: Golf-Mar. Em 1973 passámos lá alguns dias de férias, e embora tivéssemos gostado não repetimos senão anos mais tarde, quando já estava construído o novo imóvel, com doze pisos. Muito de vez em quando aqui regressámos (a última antes da actual, em 1998).

A paisagem “dura” pouco mudou: apenas a seca acentua os tons castanho-amarelados e o leito quase seco do Alcabrichel (o rio que cavou este vale que desde os tempos pré-históricos atraiu populações) em grande parte da sua extensão. Mas em relação à outra paisagem notam-se diferenças. Estradas alargadas onde possível, outras construídas, mais casas, parques de estacionamento decentes, e, ainda, o verdinho fresco de muita água para os campos de golfe e hipódromo, um verde que me não faz sentir feliz num ano como este mas que tenho de compreender. Eu não pratico golfe, não foi esse desporto que me fez vir para cá, mas essa é a imagem de marca da estância balnear, para além das termas. E as termas estão fechadas porque o caudal das águas “santas” secou…

Mas o mar, em dias de vento implacável, está uma maravilha. Li por estes dias que olhar o mar é o mais eficaz remédio contra o stress. Concordo: quanto mais tempestuoso, mais gosto de contemplar o mar e mais calmo fico. Espero pois que estes dias no Vimeiro me ajudem a libertar-me de alguns resquícios de pressão que tenha trazido de Braga.

2005.08.20


Praia de Porto Novo - Vimeiro (vista do Hotel)

2 comentários:

Anónimo disse...

Vieste com os "olhos cheios". ainda bem.
De facto o mar de tempestade tem um grande fascinio. Faz-nos pensar muito na nossa dimenssão de meros mortais e mostra a nossa vontade de revolta.
Fico contente por ti.

Bem regressado!.

Ô Hotels and Resorts disse...

Devo referir que o Vimeiro, e em partícular o Hotel Golf Mar, mantem essa imagem que guarda, apesar de muita coisa ter mudado. O Hotel faza agora parte de 1 grupo de hotéis: a Ô Hotels and Resorts .
Mas o caudal de água das Termas não secou. As Termas apenas funcionam sazonalmente de Maio a Outubro.