2005/05/05

Preocupações com Bolonha…


Ontem houve na minha Universidade uma jornada de reflexão sobre Bolonha. Precedida de trabalho nas escolas e institutos, o qual envolveu docentes e estudantes, culminou na apresentação dos resultados desse trabalho à comunidade académica, que respondeu em números relativamente modestos se atendermos ao número de efectivos, mas suficientemente significativo se tivermos em conta que estavam representadas todas as estruturas que têm de responder ao desafio de apresentar novas propostas de estruturas curriculares para os diferentes cursos.

Quando se decidiu promover as jornadas pensei que tinha sido uma decisão tardia, embora necessária. Julgo que afinal foi no melhor momento porque já se puderam introduzir na discussão as orientações comunicadas no final da reunião do Conselho de Ministros de 28 do mês passado.

Ainda há no entanto dúvidas e algumas preocupações. Não as vou passar em revista a todas, mas referir uma que me parece ter de ser rapidamente deitada para trás das costas.
Há quem se preocupe por o novo esquema ir criar situações que, a seus olhos, configuram diferenças intoleráveis. Isto é, ter um mestrado em cinco anos é uma afronta a quem, eventualmente, o tenha obtido depois de sete. Certamente que tal situação vai acontecer, mas isso é o ónus da mudança que todos têm de aceitar. No passado houve situações semelhantes: antes do 25 de Abril as licenciaturas em Letras eram de quatro anos, aos quais se juntava, na prática obrigatoriamente, um ano para fazer uma dissertação; só depois da sua defesa (e de um exame adicional) se obtinha o grau. Essas dissertações não ficavam atrás das actuais dissertações de mestrado. Abolidas as dissertações, passou a ser-se licenciado nos diferentes cursos de Letras sem tese… e nunca foi reconhecido, a quem tinha o curso antigo, que a tese feita poderia ser equiparada ao mestrado.

Por outro lado, é evidente (pelo menos para mim) que as alterações metodológicas implícitas no novo esquema vão introduzir substanciais diferenças e conduzirão a mestrados que terão pouco a ver com os actuais, mais próximo de mestrados anglo-saxónicos, qualificados como mestrados de ensino (taught masters), nos quais a tese (quando existente) tem de ser feita num período de quatro ou cinco meses. Claro que estes mestrados não são compatíveis com “part-times”…

Quem tiver qualidades para a investigação prosseguirá para o 3º ciclo de estudos – o doutoramento.

Sinceramente, não vejo nada de trágico nestas mudanças; penso até que são ecologicamente excelentes!

3 comentários:

Anónimo disse...

Subscrevo as suas opiniões. Acrescentaria somente uma observação. As formações que estão a nascer com base no processo de Bolonha, tendo em conta a sua duração e a filosofia que lhe está subjacente, constituem, objectivamente, novos cursos. E novos cursos justificam novas designações. Discordo da utilização das expressões "licenciatura" e "mestrado". Justifica-se, a meu ver, novas designações que traduzam o novo figurino curricular. Mantinha apenas a designação de doutoramento para o último grau.

PJ

saltapocinhas disse...

A vida é feita de mudança, como dizia o poeta... A mim parece-me que nestas coisas se deve simplificar ao máximo. E já agora para que serão necessárias mais de 300 engenharias??

A. Carlos Coelho disse...

Senhor Pofessor

Não é bem para comentar. É apenas para dizer que estou de volta, no sítio do costume! Pronto para regressar às velhas polémicas...

Um abraço