2005/10/23

Recuperar a(s) Memória(s)


(1) A interrupção de posts neste blog (mais longa do que pensava), embora anunciada, quebrou de algum modo uma cadeia de ideias que tem de ser recuperada. E vai ser. Esta é a primeira recuperação: de A Memória Flutuante.

(2) Mas tenho uma segunda recuperação, esta de "memórias", que tenho de assinalar no momento próprio, mesmo antes de recuperar a Memória…

Em 1947, o destino (o acaso, a fortuna, a sorte…) quis que quarenta e cinco crianças (é-se criança aos dez, onze anos, certo?) se juntassem na mesma turma do 1º ano do Liceu de Passos Manuel, em Lisboa (que equivalia ao 1º ano do 2º ciclo do ensino básico). Como é lógico, criaram-se entre essas crianças, depois jovens, depois adultos, relações de amizade. Amizade circunstancial nuns casos, amizade verdadeira noutros. Ao longo dos anos, algumas dessas crianças de 1947, embora afastadas por vezes milhares de quilómetros, não deixaram de contactar, e a partir de uma certa altura, penso que nos anos 80, decidiram juntar-se anualmente num jantar, em Outubro, para recordar o dia 7 de Outubro de 1947 em que se conheceram. Ontem, 25 de Outubro de 2005, 58 anos depois, reuniram-se dez elementos desse grupo de 45 que continuam a preservar a amizade criada. Não somos (porque eu faço parte do grupo!) apenas dez, neste momento contamos 13 resistentes, mas três não puderam estar ontem. Nas quase quatro horas de convívio, os agora “sessentões” e “setentões” ainda foram capazes de brincar e recordar os seus professores, felizmente quase todos excelentes, de se inteirarem sobre as próprias vidas, de se preocuparem com os achaques de uns tal como se alegrarem com a vitalidade de outros. E hoje, ao regressar a Braga (porque fui expressamente a Lisboa para o jantar) pensava como a função social da escola é importante, como não pode nem deve ser negligenciada, ao lado de outras funções, também importantes, claro, mas que a não substituem. E recuperei as memórias do garoto que era, das maroteiras que fazíamos (claro!) mas também das coisas nobres de que éramos capazes. Foi uma noite bonita, como têm sido sempre. E quis que isso ficasse registado aqui.

1 comentário:

Emilia Miranda disse...

Já tinha saudades de ler estes testemunhos, pelo que eles nos ensinam!
Obrigada,
Emília.