2005/04/12

Reflexão num dia de memória neutra


Resisti muito tempo a publicar o “meu” blog, mesmo depois de ter experimentado com os meus alunos as suas virtualidades em termos de comunicação. Devo dizer que inicialmente os blogs pareciam-me representações de narcisismo tolo. Quando mudei o meu pensamento e me decidi, assumi claramente que queria com ele recuperar memórias de um passado que para mim foi rico de experiências, sem enjeitar a possibilidade de comentar o que vai acontecendo e tenha, para mim, certo significado. Curiosamente, não pensei muito na sua difusão e até fiquei quase surpreendido quando comecei a ter algumas visitas que julgo regulares, e alguns comentários interessantes. Identifiquei umas duas dúzias de outros blogs que de vez em vez visito e por vezes comento, evitando banalizar o comentário.

Nessas visitas, às vezes irrito-me, outras vezes fico preso ao que li e, naturalmente, noutras alturas solto boas gargalhadas, tal é a enormidade que se “postou” (lá vai mais um neologismo!). O mundo dos blogs é isto: tem de tudo. Um pouco como nos jornais, valha a verdade. Há nos blogs um Vasco Pulido Valente, um José Manuel Fernandes, um Eduardo Prado Coelho, uma Maria Filomena Mónica. E também há Luíses Delgados e Antónios Josés Teixeiras. E há aqueles de que não fixamos os nomes, que lemos e restituímos ao anonimato de onde brevemente saíram.

Pergunto-me: “Por que continuo?” Já tive mais fascínio pelos blogs do que tenho hoje, é um facto. Mas apesar de tudo penso que vale a pena. Em toda a minha vida agi mais do que escrevi – sempre a pensar se valeria a pena dizer o que penso. E por isso não escrevi (muito). No blog sinto-me mais solto. Menos comprometido. Sei que há uma meia dúzia de internautas que se cruzam comigo – e isso é suficiente. Como já uma vez disse, não quero ser blogger profissional, a contar audiências, a ter a pressão de escrever todos os dias.

E como nunca escrevi nas paredes da casa de banho não tenho de me preocupar com as opiniões da Maria Filomena Mónica (a própria).

6 comentários:

saltapocinhas disse...

Nem penses eu deixar de escrever... (cara de má, não sei fazer o boneco...). Venho aqui com segundas intenções: escrevi uma coisa e gostava de "ouvir" a tua opinião. Outra coisa: espero não estar na tua lista dos "luíses delgados..." e afins!!

crack disse...

Revejo-me bastante no conteúdo deste post (e desde já peço desculpa do que de prosápia tem esta minha afirmação).
Espero que a sua «desilusão» com os blogs seja apenas a reacção normal ao que deixa de constituir novidade, porque não gostaria de perder este espaço, que visito com regularidade e de que retenho sempre reflexões e opiniões importantes.

Anónimo disse...

Tenho por hábito espreitar o Fábulas, vi o seu comentário e decidi espreitar também aqui...Há realmente de tudo no mundo dos blogs, há os que são para esquecer e aqueles que não dá para esquecer.

Para mim isto funciona quase como um diário, o meu livro aberto.

Espero que não se desiluda e continue com o seu.

Cândido M. Varela de Freitas disse...

Agradeço à Saltapocinhas, ao Creck e à Clitir (visitei o seu blog, hoje!) as palavras de incentivo. Vou continuar, apenas quis na verdade reflectir sobre o mundo novo em que inseri e dizer a quem me lê o que pensava. Obrigado.

Luís Aguiar-Conraria disse...

Concordo bastante com o que escreves.
Tambem ja me senti mais fascinado. Mas o blogue continua a servir os propositos que tinha quando comecei. Estar mais proximo de Portugal, enquanto estou longe.

Cândido M. Varela de Freitas disse...

Luis
Como compreendo!
Apesar de gostar muito de viver nos EUA, Portugal é Portugal...