2005/02/15

Ensino superior politécnico (3)


(Retoma-se um tema que foi iniciado há dias)
Continuação dos
posts 1 e 2
Apesar do enquadramento institucional e dos compromissos com o Banco Mundial os primeiros tempos dos politécnicos não foram fáceis. Embora até ao final da década de 80 todos estivessem a funcionar, com maior ou menor dificuldade, foi necessária uma grande dedicação e perseverança para levar a bom termo a tarefa. Não cabe na dimensão de um post escrever história com muita minudência. De 1983 em diante deixei de ser um espectador (ainda que interessado) do que se ia construindo em relação aos politécnicos e passei a ser actor: nos começos de Fevereiro tomei posse como vogal da Comissão Instaladora da Escola Superior de Educação de Faro, a convite do Prof. Carlos Lloyd Braga (falecido), Presidente da Comissão Instaladora do Instituto Politécnico (todas as comissões eram nomeadas, não havia concursos). Nessa altura o IPF tinha mais uma Escola em instalação, a de Tecnologia; o seu Presidente era o Prof. Aristides Hall, da Universidade de Aveiro (também já falecido). Foi meu Presidente na Escola o Prof. Luís Soares ; o outro vogal foi o Dr. Alberto Melo. Deixarei para outras memórias o que representou para mim a ESE de Faro (de que vim depois a ser Presidente da Comissão Instaladora).
Ora um dos meus primeiros actos foi participar numa reunião de comissões instaladoras das diferentes Escolas, que se realizavam regularmente (quase sempre em Santarém) para discutir problemas importantes. Também os Presidentes dos Politécnicos reuniam periodicamente e a dada altura assumiram-se como Conselho Coordenador da Instalação dos Institutos Superiores Politécnicos, o qual chegou a trabalhar por comissões especializadas (Educação, Tecnologias, por exemplo). O grande problema que enfrentávamos era que a tutela não tomava decisões que para nós eram vitais. No caso das ESEs era necessário saber que tipo de professor formar. É preciso ter em conta que ainda não havia lei de bases do sistema educativo (só seria publicada em 1986) e nas reuniões divagávamos sobre o perfil desse professor. Havia quem defendesse um professor único para os 6 primeiros anos de escolaridade, quem apontasse para uma diferenciação total (4+2) e também quem se aproximasse do modelo que veio a ser adoptado (um professor bivalente).
Recordo-me de termos realizado diversos encontros, alargados a especialistas (no Algarve, na Aldeia das Açoteias, onde estiveram representantes de instituições congéneres do Reino Unido, França, Alemanha, Espanha e Noruega, mas também em São Pedro de Moel e em Tróia, Setúbal). Nesses encontros antecipávamos cenários futuros, enquanto, lentamente, se iam construindo ou recuperando edifícios, ia chegando equipamento e mobiliário e se iam também recrutando docentes para as escolas, mesmo antes de funcionarem.
A primeira escola a arrancar, em condições peculiares, foi a ESE de Viseu, ainda em 1983. Na verdade, a autorização para funcionamento dos cursos causou surpresa, porque se partia, verdadeiramente, no escuro. Só vários anos mais tarde se iniciaram os cursos regulares (1987-1988).
Os problemas que se punham às outras escolas não eram semelhantes aos que se punham às ESEs porque tinham menos constrangimentos (enquanto que em relação à educação era preciso extinguir as Escolas do Magistério, as escolas agrárias – Coimbra, Santarém, por exemplo – evoluíam naturalmente para o novo sistema, o mesmo se passando com os Institutos Comerciais e Industriais). Mesmo as escolas de Tecnologia e de Gestão eram mais livres para definir os seus currículos.
Mas nos finais dos anos 80 os Politécnicos criados estavam a funcionar.

4 comentários:

saltapocinhas disse...

Vou ter de ler isto com calma, desde o nº 1. Mas agora não dá: as letras são miudinhas e eu não sei se é sono ou se estou mesmo a ficar pitosga!!
Obrigada pela visita ao blog dos meus meninos! Eles adoraram tanta gente a dizer bem deles...Ficaram uns vaidosos!

JorgeMorais disse...

Isto não se faz, deixar uma pessoa com água na boca tanto tempo... ;-)

Cândido M. Varela de Freitas disse...

Saltapocinhas:
Achei o Golfinho uma excelente ideia. Parabéns por ela! De vez em vez irei lá espreitar e dar força aos meninos...

Jorge Morais:
Obrigado pelo que se subentende... Mas tenho tido muito que fazer... Vou ver se avanço neste fim de semana.

José Farinha:
Um gande abraço!
Talvez seja como diz, não conferi na altura; pensava que em 1986-1987 tínhamos estado envolvidos apenas na formação em serviço.

Cândido M. Varela de Freitas disse...

O seu blog já consta minha lista de links...
Agradeço a correcção, oportunamente farei a rectificação para todos os que vêm ao meu blog.
A memória, porque é flutuante, falha por vezes...